sexta-feira, 30 de abril de 2010

ÍNDIOS PRESSIONAM GOVERNO A REVOGAR DECRETO QUE REESTRUTURA FUNAI


Olha a notícia sobre o Decreto 7056 - da Agência Câmara


Da Agência Câmara

Governo é acusado de tentar se apropriar de riquezas indígenas. Deputados e índios dizem que vão levar denúncia a organismos internacionais.
Brizza Cavalcante
Índios pedem revogação do decreto presidencial e a demissão do presidente da Funai.

Representantes de povos indígenas de todo o País acusaram o governo de tentar se apropriar de suas riquezas com a edição do Decreto 7.056/09, que reestrutura a Fundação Nacional do Índio (Funai). O assunto foi discutido nesta quarta-feira em audiência pública da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público.

Os índios pediram a revogação do decreto e disseram que vão pressionar o governo levando o caso a organismos internacionais de direitos humanos. Para eles, o decreto fere a Constituição e a Convenção 169/89 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Essa convenção, da qual o Brasil é signatário, determina que qualquer decisão de interesse dos índios deve contar com sua participação.

O procurador-geral da Funai, Antônio Marcos Guerreiro Salmerão, argumentou que a nova estrutura do órgão consagra princípio da consulta. Segundo disse, ´´o decreto criou comitês regionais, um órgão paritário, com participação de indígenas da região, para eleger metas e prioridades´´.

O deputado Roberto Santiago (PV-SP) disse que vai buscar o consenso entre nações indígenas e Funai, mas, se não for possível, a Câmara irá aprovar a revogação do decreto presidencial. Santiago é relator do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 2393/10, que revoga o decreto.

O advogado Arão da Providência Guajajara, representante dos índios da região Centro-Oeste, afirmou que a Funai sempre teve como objetivo ´´administrar, gerir e aumentar o patrimônio indígena e distribui-lo de forma impessoal´´. Com o decreto atual, ele diz que a função do órgão passou a ser unicamente a de coordenar a formulação de políticas indigenistas, perdendo a atribuição de cuidar do patrimônio indígena. ´´A Funai passou a ser agência reguladora´´, afirmou.

O representante dos povos indígenas da região Sul, Kretan Kaingang, disse lamentar apenas ter demorado muito ´´para enxergar as reais pretensões do atual governo´´. E acrescentou: ´´Temos aí Belo Monte, a transposição do rio São Francisco, a construção de hidrelétricas e projetos de mineração em aldeias. Tudo vem acontecendo, e nossos olhos não viam o que esse governo fazia conosco. Fala muito em democracia, mas é uma ditadura com povos indígenas´´, disse.

Para o deputado Mauro Nazif (PSB-RO), autor do pedido de realização da audiência, um dos grandes problemas causados pelo decreto presidencial foi a desativação de mais de 300 postos da Funai em aldeias, além de administrações regionais do órgão. Em sua opinião, isso ´´deixa muitas brechas para que fragilidades nas áreas indígenas possam acontecer, na exploração do minério, de todas as outras [riquezas] do subsolo desses povos´´.

Nazif, que apresentou o PDC 2393/10, argumenta que não faz sentido reduzir o número de locais de atendimento a indígenas justamente quando essa população dobrou em relação a 1986, quando era da ordem 500 mil pessoas. Segundo ele, também houve redução significativa no número de servidores da Funai, que naquele ano contava com 5 mil servidores, contra os aproximadamente 2 mil de que dispõe atualmente.

Autor de outro Projeto de Decreto Legislativo para revogar o presidencial - o PDC 2393/10 -, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) também diz ´´pressentir algo muito ruim nesse processo todo´´. Ele relatou que o Paraná, ´´estado com mais de 20 mil índios´´, tinha três unidade da Funai, que foram fechadas e tiveram suas responsabilidades transferidas para Santa Catarina. ´´Aí, quando fomos verificar, eles têm vários contratos com ONGs que acabam levando milhões por ano para fazer atividades junto a comunidades indígenas´´, disse.

Outra denúncia dos povos indígenas foi contra a Portaria 564/10, que permite a atuação da Força Nacional de Segurança Pública na Funai, inclusive com a utilização de arma de fogo contra terceiros. O próprio representante dos servidores da instituição, Wagner Tramm, sentenciou que ´´o governo está em guerra com os povos indígenas´´.

Diante de tantas reclamações todos pediram não só a revogação do Decreto 7.056 e da Portaria 564, como a demissão o presidente da Funai. Hauly, inclusive, informou que já fez uma representação junto Ministério Público Federal, à Procuradoria Geral da República, à Controladoria Geral da União e ao Conselho de Ética do governo contra a portaria. Ele adiantou que também irá denunciar o texto nos órgãos de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Che ore noi Eju Ore ndivé - É o hap guarani


Segue o som de uma banda de rap guarani, muito legal! Ouça Agora!

Rap como instrumento de luta dos povos indígenas
Brô MC´s - Eju OrendivebyColetivo

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Funai prossegue com concurso público mesmo com fraudes


A Fundação Nacional do Índio (Funai) decidiu prosseguir com o concurso público para a contratação de 425 servidores. O concurso, que foi realizado pelo Cetro, teve desde prova à luz de velas, em grupo,no Rio de Janeiro até troca de provas, no Acre. Em seu site oficial, por três vezes a Funai errou o nome dos cargos do concurso na divulgação de adiamento do resultado. Neste momento, existe um resultado provisório. Só quero ver no que vai dar isso. Novamente, a Funai está tentando colocar guela abaixo a legitimidade de um concurso que virou piada nacional. Como amigo dos índios, tenho muito medo que a Funai e o Ministério da Justiça virem motivo de piadas. Isso já ocorro em sites de relacionamentos como o Orkut, na comunidade Concurso Funai 2010. Na foto, candidatos mostram a prova do crime. O caderno de questões e os gabaritos. Um menino cadeirante, o Renan, também do Rio de janeiro foi esquecido no colégio Martin Luter King. Perto das nove da noite, uma funcionária o encontrou desesperado. Ele está até hoje com o gabarito da prova em casa. Será que alguém da Funai foi buscar para corrigir? Este caso foi tema de um artigo bastante interessante do jornalista Clayton Cesarewisk, publicado no Zero Hora, que pode ser lido logo abaixo:


Iguais e diferentes

Outro dia, eu falei para um amigo que os cadeirantes estão na moda: na novela das oito e no cinema.” A frase, de um ex-Big Brother – que ficou paraplégico por conta de um acidente de trânsito, em julho de 2009 – publicada no caderno de ZH dedicado a televisão e celebridades é pertinente.

Cadeirantes estão mesmo “na moda”. A personagem Luciana (Alinne Morais), da novela Viver a Vida, chama a atenção para uma minoria social que não é tão pequena: as pessoas que, pelas mais diversas razões, locomovem-se em cadeiras de rodas. (Fato semelhante ocorre com um personagem do comentado e premiado filme Avatar.)

O serviço prestado pelo autor da novela, Manoel Carlos, com o – cada vez mais comum – merchandising social é inegável. Mas não se pode esquecer que Luciana é uma personagem de ficção (assim como o do filme, que é criação no mais alto grau, como pede o gênero ficção científica).

Filha de pai rico e mãe superprotetora, a ex-modelo, agora tetraplégica, tem atenção e cuidados em tempo integral: dispõe de uma fisioterapeuta e duas enfermeiras particulares, além de uma sala de fisioterapia – com piscina para hidroterapia –, dentro de casa. E mais: arrebatou de paixão o galã da novela. Em suma, vive numa “redoma de cristal”.

Diferente dela é Renan, um personagem da vida real que, mesmo vivendo uma das mais revoltantes histórias dos últimos dias, ficou longe do foco da grande mídia. Ele foi “esquecido” por fiscais enquanto prestava prova do concurso da Funai, no dia 14.

Valendo-se de um direito garantido pelo edital de seleção, Renan respondeu às questões em uma sala exclusiva e sem problemas de acessibilidade. Porém, com o fornecimento de energia elétrica do local interrompido, o concurso foi cancelado; e os candidatos, dispensados. Menos Renan, que continuou “esquecido” pelos fiscais na sala, de onde só conseguiu sair por volta das 21h.

“Iguais na diferença”, Luciana e Renan – ambos jovens cadeirantes do Rio de Janeiro – representam personagens antagônicos. E o que os separa não é nenhuma barreira arquitetônica. Ela é fruto da imaginação de um novelista. Ele é de verdade, e sua paralisia, talvez, dure mais que 203 capítulos. Não sei sobre os estados financeiro e amoroso do rapaz. Mas tenho certeza de que ele não possui tantas regalias –que beiram a idealização –, nem a “aura mágica” que envolve pessoas famosas, como a atriz e sua personagem.

Transpondo esses dois casos particulares para uma dimensão maior, arrisco-me a dizer que, dentre o expressivo número de cadeirantes do país, há muito mais Renans que Lucianas. E essa gente não quer “redomas de cristal e amores de novela”. Elas só pedem respeito e acessibilidade. Em resumo, estão fartas de serem “esquecidas” pela sociedade a cada degrau, porta estreita ou falta de vaga no estacionamento.

Cadeirante como elas, eu também quero isso. E mais: peço que se dê a cada “Renan” a visibilidade dada a Luciana

Resultados da audiência Pública sobre o decreto 7056


Do Blog do Mércio

Deu-se ontem em Brasília uma audiência pública convocada pelo deputado federal Luis Carlos Hauly (PSDB-PR) para discutir o famigerado Decreto 7.056/09 que reestruturou de uma forma catastrófica a Fundação Nacional do Índio. Convocado para comparecer e fazer a defesa desse decreto, o atual presidente da Funai não compareceu e mandou seu procurador especial. Não convenceu.

Foi apoteótica a presença de mais de 150 índios na Comissão de Direitos Humanos.



Resultados práticos: a animação dos índios para revogar o Decreto de Reestruturação, o alcance de suas críticas à presença da Força Nacional na portaria da Funai, a desmoralização da atual direção da Funai, e a união dos índios do Acampamento Revolucionário Indígena, acampados em frente ao Ministério da Justiça, com o movimento dos índios Kayapó e Xinguanos contra a anuência dada pela Funai, em nome dos índios, para a construção da Usina Belo Monte.

Desse jeito a coisa vai.

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O TORÉ DA AUDIÊNCIA PÚBLICA CONTRA O DECRETO 7.056/09



Hoje, 28 de abril, é uma data histórica para a luta dos povos indígenas. As etnias Fulni-ô, Kaingang, Xukuru, Krahô, Guajajara, Pankararu, Mundurucu, Korubo, entre outras, se reuniram para a Audiência Pública na Câmara dos Deputados, em um dia que jamais esqueceremos. O maracá ressoava nos prédios já precocemente envelhecidos do Congresso Nacional. O canto e a dança indígena deram vida aos cimentos cinzentos da Esplanada dos Ministérios.
A Audiência estava marcada para 14:30. Os indígenas se reuniram e marcharam para o Anexo II da Câmara, em uma demonstração de força e união contra o Decreto 7.056/09.
O procurador da Funai, Salmeirão, foi o primeiro participante a falar e tentar defender o Decreto. Foi interrompido diversas vezes pelos indígenas, que o chamavam de “mentiroso” e “ditador”. O senhor Salmeirão defendeu a reestruturação da Funai como pôde, dizendo que o Decreto era uma melhoria para todos os indígenas.
Logo, o servidor e indigenista da Funai, Wagner Tramm, tomou a palavra e fez um discurso duro contra a “reestruturação” da Funai: que a gestão de Márcio Meira colocava índios contra índios, como visto em janeiro desse ano na frente da Funai e que o Decreto já estava sujo de sangue indígena; que os funcionários da Funai estão sendo perseguidos e há um desmonte e um assédio moral contra aqueles que se posicionaram contra o Decreto; e que a atual gestão da Funai está fazendo se chama “integracionismo”. Kretan Kaingang acusou esse Decreto de ditatorial, assassino e contra a Convenção 169 da OIT. Carlos Pankararu acusou o Decreto de ser injusto e denunciou que o Acampamento Revolucionário Indígena foi atacado por forças policiais na madrugada de 24 de abril. Arão Guajajara denunciou que a Funai mandou remover os indígenas servidores e 30 funcionários estão sem lotação no órgão. O deputado Luiz Carlos Haully pediu a anulidade do Decreto. Vários indígenas e sindicalistas também se manifestaram contra o Decreto.
No final, houve um grande toré na Audiência Pública e todos os indígenas se sentiram vitoriosos e felizes por terem sido, pela primeira vez, consultados sobre o que eles pensam sobre o Decreto 7.056/09.
ACAMPAMENTO REVOLUCIONÁRIO INDÍGENA

Belo Monte - CARTA DO MEGARON PARA A IMPRENSA

Comunicado

Nós lideranças e guerreiros estamos aqui em nosso movimento e vamos continuar com a paralisação da balsa pela travessia do rio xingu. Enquanto Luiz Inacio Lula da Silva insistir de construir a barragem de Belo Monte nós vamos continuar aqui. Nós ficamos com raiva de ouvir Lula falar que vai construir Belo Monte de qualquer jeito, nem que seja pela força!!! Agora Nos indios e o povo que votamos em Lula estamos sabendo quem essa pessoa. Nós não somos bandidos, nós não somos traficantes para sermos tratados assim, o que nós queremos é a não construção da barragem de Belo Monte.

Aqui nós não temos armas para enfrentar a força, se Lula fizer isso ele quer acabar com nós como vem demonstrando, mas o mundo inteiro vai poder saber que nós podemos morrer, mais lutando pelo nosso direito. Estamos diante de um Governo que cada dia que passa se demonstram contra nós indios. Lula tem demonstrado ser inmingo número um dos indios e Marcio Meira o atual Presidente da Funai tem demostrado a ser segunda pessoa no Brasil contra os indios, pois, a Funai não tem tratado mais assuntos indigenas, não demarcação de terra indigena mais, não tem fiscalização de terra indigena mais, não tem aviventação em terra indigena. Os nossos líderes indigenas são empedido de entrarem dentro do predio da funai em Brasilia pela força nacional.

O que esta acontecendo com nós indios é um fato de grande abandono, pois, nós indios que somos os primeiros habitantes deste pais estamos sendo esquecidos pelo Governo de Lula que quer a nossa destruição, é esta aconclusão que chegamos.

Lider indigena Megaron Txukarramãe

Aldeia Piaraçu, 26 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Testimony of Kamiru Kamaiurá about the joy of having saved his son´s death

This post goes to the foreign friends who have interest in the lives of Brazilian Indians. In testimony Kamiru Kamaiurá, talks about the joy of having saved his son's death. The video is with English subtitles.

Este post vai para os estrangeiros que tem interesse na vida das crianças indígenas brasileiras. É o testemunho de Kamiru Kamaiurá, que fala como salvou a vida do seu filho Amalé. O vídeo está com legenda em inglês.

Infanticide account by Kamiru from André Barbosa on Vimeo.

Carta a mão de lideranças indígenas sobre fechamento de balsa, em Mato Grosso


Lideranças indígenas no Mato Grosso avisam que vão fechar balsa e alertam frigorífico para não mandar os caminhões com carne, para não estragar.

Benefícios sociais são principal fonte de renda de índios

A matéria a seguir saiu no jornal O Estado de São Paulo. Com ironia ou falso humor as jornalistas Denise Madueno e Ligia Formenti mostram uma realidade alarmante. Nós, que sonhamos tanto com a sustentabilidade dos povos indígenas temos que repensar algumas situações. Segue a matéria na íntegra.



Programas assistenciais atendem mais de 60% dos domicílios, revela a mais ampla pesquisa sobre indígenas feita no Brasil
24 de abril de 2010 | 0h 00



Denise Madueño e Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo

O Estado é a grande aldeia dos índios brasileiros. A subsistência da população indígena está diretamente ligada ao governo. Benefícios sociais constituem a principal fonte de renda do grupo. Mais de 60% dos domicílios indígenas são atendidos por programas assistenciais. Além de provedor de recursos, o Estado é também o principal empregador.

Integrantes da comunidade indígena prestam serviços terceirizados em órgãos públicos, exercendo funções que vão desde motoristas de trator a professores em escolas rurais e agentes comunitários de saúde. Com a difusão da economia monetária, o cultivo e a coleta de alimentos foram negligenciados.
Pesquisadores do 1.º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, que realizaram o maior levantamento sobre a situação dos índios no País, ao qual o Estado teve acesso, identificaram que benefícios sociais representam fonte de renda em 63,9% domicílios.

O trabalho remunerado vem em segundo lugar, presente em 62%. A venda de produtos cultivados contribui com a renda para 36,8% das famílias. Além disso, índios com mais de 70 anos têm direito a aposentadoria como trabalhador rural, benefício que abrange 19,7% das famílias .

Estratégia. A presença mais constante de dinheiro alterou o comportamento do grupo em relação à obtenção de alimentos. A compra tornou-se a estratégia mais frequente em todas as regiões analisadas, substituindo o cultivo, criação, caça ou pesca. No Brasil, 96,3% dos domicílios indígenas contam com essa fonte de obtenção de comida.
Na Região Norte, onde atividades de subsistência ainda desempenham papel relevante, a doação de cestas básicas ocorre em porcentuais muito inferiores. De acordo com estudo, apenas 3,5%. O Centro-Oeste, que registra o mais alto índice, as doações chegam a 88,6% dos domicílios.

No Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso do Sul, a regularização e a demarcação de terras foram apontadas na pesquisa como um problema fundamental.
"As populações indígenas daquele Estado estão confinadas em áreas diminutas que não oferecem condições de acesso a todos para produção de alimentos", informa o trabalho. De acordo com pesquisadores, nas entrevistas foi comumente referido que a distribuição de cestas básicas representa uma medida paliativa e não um indicativo de melhoria das condições de vida.

A população indígena possui um sentimento contraditório em relação à oferta de comida: há épocas do ano em que há sobra e, em outras, falta.
O motivo seria o vaivém das cestas básicas, com periodicidade incerta, e a produtividade irregular de plantações. O estudo revela que 69,3% da população afirma sentir falta de alimentos ao longo do ano, enquanto 59,2% consideraram que há comida de sobra.


Hoje, 28 de abril, em Brasília, às 14:30 será realizada audiência pública sobre a questão do Decreto 7056. Um grupo de indígena está acampado em frente aos ministérios desde o fim de janeiro. Dificilmente este fato será o último capítulo desta novela que parece não ter fim. Lideranças do Paraná já estão em Brasília para deliberar sobre isso. Conversei ontem com o cacique Neoli Olíbio, meu amigo, que está bastante otimista sobre está reunião. Sexta-feira, lideranças indígenas do estado se reuniram com o Dr. Dálio Zippin, representante de direitos humanos da OAB.

Cacique Aritana chama Lula de campeão da destruição da Amazônia


Do Blog do Mércio


O cacique Aritana Yawalapiti, o mais diplomático de quantas lideranças indígenas há no Brasil, não aguentou o clima de desconsideração aos índios que domina a Funai e a atitude do Presidente Lula e o chamou de maior destruidor da Amazônia.


Aritana é conhecido em todo o Brasil desde que a TV Record fez uma famosa novela, com o seu nome, que acontecia no próprio Parque Nacional do Xingu. Dono de um carisma cativante e gentil, Aritana faz de tudo para não aborrecer as autoridades brasileiras. O Kwaryp, o principal ritual dos povos do Alto Xingu, é ocasião em que muitos não indígenas são convidados para participar, e lá Aritana sempre está como anfitrião. Em 2004, os xinguanos fizeram o kwaryp em homenagem a dois ilustres mortos da tribo Kamayurá, e também a Roberto Marinho, presidente da Rede Globo, que havia falecido um ano antes.


Pois bem, Aritana estourou a paciência e surpreendentemente lançou, com seu irmão Pirakumã, a declaração abaixo, escrita ao indigenista Moacir Melo, para ser divulgada:

______________

Meu irmão amigo Moacir.

Por meio deste, venho informar que nós indígena do xingu, estamos muito triste e dolorosos com a história de Belo Monte. E tambem com a história de zoneamento no estado de mato grosso, pois governo do estado aprovou maior número de desmatamentos em torno do parque do xingu. Por motivo, nós indígena do xingu e indígena do pará estamos se unindo para partir ao rumo Belo Monte.


Nós Lideranças do parque do xingu, estamos muito triste com a postura do presidente da República Luiz Icnácio Lula da Silva por ter tomado a descisão de construir a barragem Belo Monte sem consultar povos indígena!! À oito anos de mandato, ele acabou com a Natureza e poluiu todos os rios Brasileiro e principalmente ele é campeão de distruidora da Amazona!!


Mensagem pra você Lula;

Lula, pensavamos que você era gente!!!


Você é o monstro que gosta de acabar nossa floresta, nosso rio e nossa terra!!! Por favor, estamos pedindo para vossa senhoria desistir de construir o Belo Monte! O rio xingu é maior leito do rio que, criador fez para o povos indígena Brasileiro! Por isso, não pode construir nenhuma barragem neste leito.


Na cabeceira do rio xingu já foi construida uma sem consultar nós. Já que governo não tem menor considerações com os indigenas, estamos pronto para invadir barragem paranatinga ll. Esta barragem está nos afetando, nosso transporte fluvial não está mais trafegando no rio devido esse problema.


Lula, o que é que nós indígena fez de mal para deixar você contrariado? Será que depois de que, nós indígena Brasileiro dermos maior voto para vossa senhoria? é isso? Por favor, vamos trabalhar com alegria, paz, carinho e proteção ambiental do Brasil!


SDS


CACIQUE ARITANA
PIRAKUMAN YAWALAPITI
LIDERANÇA INDÍGENA DO ALTO XINGU

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Reportagem sobre Kakané Porã em rede nacional na CNT




Kakané Porã significa: fruto bom da terra. Kakané, do kaingang: fruto da terra. Porã, do guarani: bom.

domingo, 25 de abril de 2010


Foto do aniversário do Kaue, filho do cacique Carlos Ubiratan. A festa foi realizada domingo, dia 25 de abril na aldeia Kakané Porã e foi aberta para toda a comunidade.

Segunda-feira, os indígenas do estado do Paraná tem uma reunião com a OAB para tratar de assuntos referentes ao decreto 7056 e o futuro da Funai no Paraná. Nesta foto, o cacique Carlos Ubiratan, da aldeia Kakané Porã, entrega o pedido de anulação do decreto ao presidente da OAB.

sábado, 24 de abril de 2010

Olha o Lula de cocar. Quero ver se ele vai assim à Belo Monte.



Não vou nem comentar. Depois do Decreto 7056 e da história de Belo Monte deixo para vocês, caros leitores, essa difícil missão.

Sandra Terena é Prêmio Jovem da PAZ em 2009



No centro, ao lado da vereadora Renata Bueno, Sandra Terena exibe o prêmio.

Sandra Terena no Blog da Gleisi Hoffman

Do Blog da Gleisi - www.gleisi.com.br

Respeito pelos Índios

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma nova relação entre as etnias no País. É o que espera a descendente de índio, Sandra Terena, jornalista e vice-presidente da ONG Aldeia Brasil. Em uma entrevista concedida a Gazeta do Povo, neste Dia do Índio (19 de abril), ela espera que o índio tenha mais acesso à educação, um ponto essencial para preservar a cultura indígena e avançar na qualidade de vida desses povos. Vale lembrar também que este ano, o movimento indigenista do Marechal Rondon completa cem anos e precisa servir para repensar a questão dos índios no País. Segundo Sandra, para conviver com os índios: “basta entender que o índio é diferente e que é preciso respeitar a diferença para que a interação aconteça naturalmente”.
Confira a entrevista na íntegra: 2010 é o ano de um novo indigenismo

Aproveito esse momento para falar da Gleisi. Há dois meses eu estava cobrindo férias na Tv Paranaense e toca meu celular, um número desconhecido. "Alô, Oswaldo é a Gleisi. Recebi seu email sobre a questão do infanticídio e quero saber como posso ajudar"

Alguns dias depois a secretária dela me ligou para marcarmos uma conversa, mas devido ao lançamento do filme Quebrando o Silêncio não conseguimos conversar.

Fico muito feliz em contar com o apoio de uma provável senadora da República. Eu não sou petista, o Floris, que foi meu professor de história sabe bem disso, mas gosto muito da figura dela. Acredito que seja a senadora mais votada do Paraná. Simples. Quem vota no Requião não vota no Osmar e o segundo voto vai para ela. E, quem vota no Osmar não vota no Requião e o segundo voto vai para ela. Portanto, acho que ela tem grandes chances de surpreender a todos e assumir logo de cara a primeira vaga para o Senado.

Oswaldo Eustáquio Filho

Link direto para a notícia
http://gleisi.com.br/site/?s=Sandra+Terena

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nota na coluna do Reinaldo Bessa - Gazeta do Povo

22/04 - da Gazeta do Povo - Coluna do Reinaldo Bessa


Drama na oca
O documentário “Quebrando o Silêncio” colocou a jornalista e documentarista paranaense Sandra Terena na vitrine. Finalizado em 2009 com recursos próprios, o filme, que trata do infanticídio indígena, já conquistou duas premiações: o “Voluntariado Transformador”, promovido pelo Centro de Ação Voluntária de Curitiba, e o “Prêmio Internacional Jovem da Paz”, realizado por diversas instituições, entre elas o Projeto Não-Violência.
O filme foi coproduzido pela ONG Atini – Voz Pela Vida, de Brasília, que atua na defesa do direito das crianças indígenas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Coluna do Leitor da Gazeta do Povo de 20 de abril

Questão indígena
Trabalho com os povos indígenas há vinte anos. Parabéns a jornalista que fez as perguntas à vice-presidente da ONG Aldeia Brasil (Gazeta, 19/4). Dificilmente alguém consegue uma entrevista precisa sobre a questão indígena. Em 100 anos de indigenismo essa palavra interação chega no momento certo.

ÍNDIOS DO PARANÁ TÊM CENTRO DE APOIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

Lúcia Nórcio Repórter da Agência Brasil Curitiba

O Paraná é o primeiro estado a ter um centro de apoio às comunidades indígenas gerido pelo Ministério Público Estadual. Ele foi criado em 2008 e tem entre os objetivos fiscalizar o cumprimento do Estatuto da Criança e do Idoso nas comunidades indígenas.

No estado existem cerca de 14 mil índios das etnias Kaingang, Guarani e Xetá e o Dia do Índio será comorado nas 32 aldeias, durante toda semana. Para o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Curitiba), Edívio Battistelli, o Paraná tem posição privilegiada com iniciativas de apoio às comunidades indígenas como o acesso diferenciado às universidades.

“Pela Lei de Cotas o estado oferece todos os anos 50 vagas nas sete universidades estaduais e na Universidade Federal do Paraná (UFPR), exclusivamente para indígenas. A UFPR aceita inscrição de todo o país e, nas estaduais, dos que residem no estado há pelo menos dois anos”, afirmou. O coordenador da Funai também citou outras medidas que favorecem a população indígena paranaense.

“Temos também o ICMS ecológico que prevê o repasse de 5% do total arrecadado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a municípios que preservam o meio ambiente, incluindo terras indígenas. Isso faz com os gestores municipais deem mais atenção a esse povo, que foi tão desrespeitado ao longo dos anos”, disse. Battistelli. Em Curitiba, segundo Battistelli, está localizada a primeira aldeia indígena urbana da Região Sul, a Kanané-Porã, onde residem 35 famílias. As outras aldeias urbanas ficam em Campo Grande (MS) e São Paulo. Edição: Aécio Amado

Ajude a enterrar uma criança indígena



Deputado paranaense usa o plenário para falar sobre filme de jornalista paranaense

A jornalista e documentarista paranaense Sandra Terena, uma das poucas jornalistas indígenas do Brasil, saiu do anonimato com o documentário “Quebrando o Silêncio”. Finalizado em 2009 com recursos próprios, o filme já conferiu à diretora dois prêmios e está despertando interesse pelo Brasil O filme, que tem apoio da entidade brasiliense Atini – Voz Pela Vida em sua produção e divulgação, retrata a vivência de algumas tribos em relação ao infanticídio indígena. Crianças que são filhos de mãe solteira, gêmeos ou deficientes físicos são sacrificadas em nome da cultura.

No dia 19 de abril, dia do índio, o deputado federal Íris Simões (PR-PR) usou a tribuna do Congresso Nacional para chamar a atenção dos deputados para a prática de matar crianças indígenas. “Fui surpreendido, neste fim de semana, por uma carta que recebi da jornalista e indígena Sandra Terena que relata a preocupação sobre um documentário que realizou e lançou em Brasília no dia 31 de março deste ano sobre o infanticídio”. Em seu discurso, Simões pediu de forma veemente uma atitude da Câmara. “. A Comissão de Direitos Humanos, nos próximos dias, vai fazer um debate sobre essa questão, mas é latente que nós temos que fazer alguma coisa”, disse Simões.



No momento em que o deputado discursava na Câmara, uma equipe de jovens indígenas de pelo menos três povos diferentes, distribuía um folder nos corredores do parlamento com a seguinte frase: “Ajude a enterrar uma criança indígena”. Junto com a entrega, eles colocavam terra nas mãos dos deputados. “Foi emocionante. Durante a manifestação muitos parlamentares manifestaram solidariedade a nossa luta e conquistamos muitos aliados”, diz Damares Alves, conselheira da ong Atini – Voz pela Vida.

A jornalista Sandra Terena, que estava em Belo Horizonte para participar de um programa ao vivo na Rede Minas de Comunicação, sobre o centenário do indigenismo no Brasil, enviou mensagens de solidariedade aos manifestantes. “Este ano comemora-se cem anos de trabalhos com os povos indígenas. Nós, índios, não queremos mais que decidam por nós, não queremos mais ser integrados, como prevê o estatuto do índio. Temos autonomia para decidir o que é melhor para nós. E, nas entrevistas do filme Quebrando o Silêncio percebi que muitos dos meus parentes não querem mais matar as nossas crianças”, diz Sandra.

O líder xinguano Kakatsa Kamaiurá também emocionou parlamentares e assessores com sua fala. “Ei autoridades, vocês falam de nós sem nos conhecer. Vocês decidem por nós sem conhecer as nossas necessidades. Vocês nunca caçaram comigo. Não sabem o que o índio precisa. Ei deputados, deixa o índio falar, deixa a liderança kamaiurá falar”, disse.

Devido à repercussão deste tema, a Unicef, em 2009, abriu um edital para pesquisadores emitirem um relatório sobre a questão do infanticídio no Brasil. Quem está à frente deste trabalho é a antropóloga Mariana de Holanda. Este trabalho é contestado por organizações indigenistas porque os indíos reivindiam ter voz ativa nessa questão e por isso a pesquisa realizada pela jornalista indígena Sandra Terena, que resultou no filme Quebrando o Silêncio, deveria ter sido levada em consideração de forma pública. Em um depoimento no portal Amazônia.org, Mariana diz que "uma criança indígena quando nasce não é uma pessoa. Ela passará por um longo processo de pessoalização, no qual as relações que for estabelecendo serão fundamentais para que adquira um nome e, assim, o status de 'pessoa'. Portanto, os raríssimos casos de neonatos que não são inseridos na vida social da comunidade não podem ser descritos e tratados como uma morte, pois não é. Infanticídio, então, nunca".

No artigo: A estranha teoria do homicídio sem morte, Márcia Suzuki, conselheira da Atini, revela que alguns antropólogos e missionários brasileiros estão defendendo o indefensável. “Através de trabalhos acadêmicos revestidos em roupagem de tolerância cultural, eles estão tentando disseminar uma teoria no mínimo racista”. A teoria de que para certas sociedades humanas certas crianças não precisariam ser enxergadas como seres humanos.

Nestas sociedades, matar essas crianças não envolveria morte, apenas interdição de um processo de construção de um ser humano. Mesmo que essa criança já tenha dois, cinco ou dez anos de idade. “Somos contra esse posicionamento. A partir do momento em que as mulheres e lideranças indígenas se manifestaram a favor da vida é obrigação do governo e sociedade prover meios para que essas crianças possam sobreviver. Para que isso possa se tornar realidade é preciso que o governo pense políticas públicas para atender essa questão. Sandra concorda. Para ela, essas políticas devem vir das bases, das lideranças tradicionais das aldeias.” Sou a favor de uma ampla consulta pública nas cinco regiões do Brasil e de preferência nas aldeias. Chega de decidirem por nós. Este é um momento que o protagonismo deve ser indígena.”, afirma.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cem anos de indigenismo comentado por Sandra Terena


Antonio Costa/Gazeta do Povo
Da Gazeta do Povo - Que entrevista da Aniela! De folego. Parabéns.


2010 é o ano de um novo indigenismo
Publicado em 19/04/2010 Aniela Almeida

Entrevista com Sandra Terena, jornalista e vice-presidente da ONG Aldeia Brasil.

Filha de pai índio e descendente da tribo Terena (interior de São Paulo), a jornalista Sandra Terena nasceu em Curitiba e é uma das poucas indígenas do Sul do país a concluir uma pós-graduação. A especialização em Comunicação Audiovisual foi concluída na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em 2008.
No Dia do Índio, a vice-presidente da ONG Aldeia Brasil, que também é autora do documentário Quebrando o Silêncio, sobre a prática do infanticídio, dá o seu ponto de vista sobre as questões indígenas no estado e no país. Ela espera que neste ano, quando o movimento indigenista lançado pelo marechal Rondon completa cem anos, represente o marco para uma nova relação entre as etnias no país.
Para Sandra, durante esses cem anos a sociedade e o governo lutaram pela integração indígena, mas é importante romper com essa ideia que até agora significou imposição. A jornalista defende que os povos indígenas tenham autonomia para decidir. Leia os principais trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo:

O Brasil chegou ao centenário do indigenismo sem conseguir reformular o Estatuto do Índio, instituído na década de 1970. Quais são as mudanças mais necessárias?
Acho que 2010 poderia ser um marco. Deveríamos substituir a palavra “integração”, que está no primeiro parágrafo do Estatuto do Índio, pela palavra “interação”, que é mais democrática, no sentido de que a interação não impõe nada. Você tem a possibilidade de conhecer e ver como é a sociedade. E, se tiver interesse, você pode aceitar alguns dos fundamentos dela. Acho que não podemos impor nada, nem para a sociedade, nem para as comunidades indígenas. Espero que a comemoração do centenário neste ano faça com que as pessoas envolvidas com as questões do índio deem voz e escutem o que queremos falar.
O Estatuto está passando por uma reformulação, já foram feitas várias consultas em diversas regiões do Brasil.
Neste ano ainda os índios paranaenses se mobilizaram em diversas regiões do estado para que o presidente da Funai, Már­cio Meira, revisasse o Decreto 7.056, assinado no fim de 2009, que retiraria o poder das unidades da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Paraná e as deixava subordinadas a uma coordenação em Santa Catarina. Como você vê a situação do índio no Paraná atualmente?
As aldeias indígenas aqui do Paraná estão bem articuladas. Nós temos grandes lideranças como o cacique Valdir, de Mangueirinha, que é muito respeitado. São todos de uma geração nova, que tem força política boa e estão servindo como referência para os mais jovens.
Você falou sobre a mudança do conceito de integração pelo conceito de interação. Como você acha que o índio pode contribuir com a sociedade através dessa interação?
O contato tem que ser natural. O que nós, povos indígenas, temos a acrescentar é em relação ao meio ambiente, ao consumo consciente dos recursos naturais. Uma coisa que é fácil de perceber numa aldeia: se você precisa pescar ou caçar, não vai fazer isso visando ao lucro, vai tirar só o necessário para sua sobrevivência. E desde pequenas as crianças aprendem sobre as plantas e frutas, aprendem a plantar e a cultivar, aprendem o cultivo da semente que é utilizada em artesanato.

E em relação ao poder público, o que você espera que seja feito neste ano de centenário do indigenismo? Quais são os incentivos de que o povo indígena precisa?
O índio ainda precisa ter mais acesso à educação, que hoje é bastante precário. Ainda são poucos os que conseguem chegar a uma universidade. Temos o vestibular indígena, que é uma boa oportunidade para que os jovens consigam ter um bom estudo. Nós recebemos uma bolsa para conseguirmos manter o estudo e isso é muito válido. As cotas devem existir por uma questão emergencial, mas a partir do momento que isso for caminhando e o trabalho a longo prazo for feito, o indígena deve competir de igual pra igual. É preciso incentivar a educação fundamental. Se fizermos um balanço geral dos cem anos do indigenismo no Brasil, desde o trabalho do Serviço de Proteção ao Índio até a Funai, vamos ver que a população indígena au­­mentou no mínimo seis vezes. E o que contribuiu para que isso ocorresse foram o saneamento, a vacinação e a demarcação de terra, que contribuíram para que os índios tivessem seu espaço para conviver em harmonia com o meio ambiente.

Quais seriam as medidas práticas para realizar a interação com a sociedade?
Passa tudo pela educação. Muitas políticas públicas que dizem respeito ao índio caminham sempre com morosidade, e isso acaba atrapalhando. É preciso ter ensino de qualidade para as crianças. Elas precisam aprender a língua, e a qualidade desse ensino precisa melhorar bastante. Tem casos de crianças que passam dois ou três anos no ensino fundamental e acabam reprovando porque não conseguem acompanhar. Tem professores que fazem curso de capacitação para atuar nas escolas dentro das aldeias, mas esse trabalho precisa ser sempre avaliado para ver se o ensino está cumprindo com a necessidade. A partir do momento em que você conhece a sociedade e passa a entendê-la da mesma forma que ela, você consegue discutir de igual para igual.

Em relação à preservação da cultura indígena, o que precisa ser feito para que ela não se perca e para que chegue até a sociedade?
Acho que antes de falar em cultura indígena é preciso preparar o branco para entender a cultura indígena. Porque ainda hoje, infelizmente, a gente percebe o preconceito em relação ao índio e à sua cultura. Nas escolas as crianças ainda aprendem que índio é aquela pessoa pelada, vestida de pena e a realidade não é essa. Temos aldeias, como no Alto Xingu, onde o pessoal vive em oca; mas aqui no Paraná, por exemplo, cada família tem sua casa de alvenaria nas aldeias. Nós vivemos num país de dimensões continentais. Aqui nós temos mais de 200 povos, línguas, hábitos alimentares e culturas diferentes. Embora haja o preconceito, a gente percebe que o povo brasileiro tem carinho pelo índio. Mas é preciso preparar a sociedade para entender nossa cultura e assim estar melhor preparada para nos ajudar. Assim vão entender que não precisam forçar nada. Basta entender que o índio é diferente e que é preciso respeitar a diferença para que a interação aconteça naturalmente.

domingo, 18 de abril de 2010

Carta de Sandra Terena ao deputado Iris Simões

Carta da Jornalista Sandra Terena ao Deputado Iris Simões(PR-PR), na íntegra.





Exmo. Sr. Iris Simões
MD. Deputado Federal
Brasília-DF



Meu nome é Sandra e sou índia do povo terena. Atualmente moro no estado do Paraná. No dia 31 de março deste ano, lancei meu último documentário chamado “Quebrando o Silêncio”, em Brasília. O filme trata sobre a questão do infanticídio em algumas aldeias indígenas do Brasil. Em entrevistas com meus parentes, identificamos que essa prática acontece em pelo menos vinte povos do Brasil. Muitas vezes, gêmeos, filhos de mãe solteira e deficientes físicos são sacrificados.
Meu documentário, mostra com clareza que a prática do infanticídio é real. Muito mais do que isso mostra revela que muitos dos meus parentes querem parar com tal prática por acreditarem que a cultura é dinâmica, não para no tempo. Muitos antropólogos querem nos coisificar, nos colocar em redomas, zôos humanos. Somos seres humanos, se manifestar a favor da vida, é um direito nosso. Mas, para que isso seja possível seria importante o Congresso Nacional deliberar por políticas públicas para que o nosso povo possa criar as nossas crianças. Um deficiente físico hoje realmente viveria com muita dificuldade em aldeias distantes.
Meu objetivo com o filme é promover um amplo debate com o meu povo para que as decisões saiam das nossas bases, das nossas lideranças tradicionais, nas aldeias. Por meio desta, peço a vossa senhoria que alerte o Congresso Nacional sobre esta questão e peça para que seus companheiros não fechem os olhos para esta questão tão importante para o nosso povo. Nós, índios, já não somos muitos. Precisamos de políticas públicas para cuidar de nossas crianças para não sermos extintos como muitos parentes de outros povos.


Sandra Terena
Jornalista, especialista em Cinema
Presidente ONG Aldeia Brasil
www.aldeiaurbana.blogspot.com
www.quebrandoosilencio.blog.br
www.aldeiabrasil.org
twitter.com/sandraterena
41-8503-5424

sábado, 17 de abril de 2010

Entrevista Sandra Terena para rádio CBN

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sugestão de pauta para o dia do índio no Paraná

Amigos jornalistas, segue algumas sugestões de pauta para o dia do índio. Qualquer dúvida podem entrar em contato comigo

att

Oswaldo Eustáquio Filho
Jornalista
41-8401-4095



• Dia 19 de abril, os índios fulni-ô vão fazer uma apresentação cultural, no escola estadual Julia Vanderlei, para 600 alunos - Horário: 10:30 e 14:30

• Dia 01 de maio – Festa do dia do índio na aldeia indígena Kakané Porã, em Curitiba. Na festa serão realizadas apresentações culturais além de um churrasco para 500 convidados.

• Explosão migratória de indígenas para grandes centros é uma realidade para a Funai. De acordo com o site do órgão indigenista e dados do IBGE, mais de 50% dos indígenas migraram para os centros urbanos. No entanto, vivem a margem da sociedade, em guetos ou mazelas. Em Curitiba, a aldeia Kakané Porã, primeira aldeia urbana do sul do Brasil e primeira aldeia urbana totalmente planejada do Brasil, pode servir de pano de fundo para a matéria e fazer um contraponto com os indígenas que vivem em favelas ou nas rodoviárias.

• Jornalista Sandra Terena, uma das poucas jornalistas indígenas do Brasil, espera que neste ano, em que se comemora o centenário do indigenismo no Brasil, iniciado por Rondon em 1910, seja o marco para um novo indigenismo. Durante esses cem anos, segundo ela, a sociedade e o governo lutaram para integrar o índio na sociedade. A palavra integração está no primeira parágrafo do estatuto do índio, que é uma lei de 1973, a 6001. No entanto, ela acredita que nesse momento seja importante romper com está ideia e lutar por um novo indigenismo em que a palavra de ordem seja interação, ou seja, que os povos indígenas sejam autônomos para decidir o que é melhor para eles. A integração até hoje foi imposta de forma empurrada. Hoje, segunda ela, os indígenas podem estudar, e decidir o que é melhor para o seu povo.

• Documentário Quebrando o Silêncio da jornalista Sandra Terena, derruba a versão oficial da Funai, que a prática do infanticídio(sacrifício de crianças indígenas quando nascem deficientes, filhas de mãe solteira ou gêmos) é lenda. Nesse documentário que pode ser assistido neste link – www.quebrandoosilencio.blog.br – indígenas de diversos povos falam abertamente sobre essa questão e mais do que isso, dizem que não querem mais matar seus filhos porque acreditam que sua cultura é dinâmica, não para no tempo. Por isso, hoje, muitos deles tem entendimento de criar as crianças. No entanto, para que isso seja possível é preciso que o governo abra os olhos para essa questão e discuta junto com esses povos políticas públicas para a melhoria da saúde indígena.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Funai Adia divulgação de resultados do concurso público para investigação de irregularidades

Nota Oficial: Adiamento na Divulgação de Resultados


A Direção da Funai informa, aos interessados, que foi adiada a publicação dos resultados do Concurso para Agente e Técnico em Indigenismo, realizado no dia 14 de março, pelo Instituto Cetro. A divulgação dos resultados se dará tão logo sejam concluídas as investigações em curso sobre denúncias de possíveis de irregularidades na aplicação das provas

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Os Fulni-ôs ao vivo na Tribuna da Massa

Gente, daqui a pouco, 12:30h, os fulni-ôs vão fazer uma apresentação ao vivo no programa Tribuna da Massa, no SBT, canal 04, Curitiba.

sábado, 10 de abril de 2010

Dia do índio e fulni-ôs

Gente, como já postei aqui, o povo fulni-ô está em Curitiba. O canto e dança deles é muito bonito, envolvente. Eles estarão se apresentando em escolas. Se alguém tiver interesse em convidá-los, custa R$ 3,00 por aluno (escola particular) R$ 2,00 pr aluno (escola público) - valor negociável.

Contato: Ubirajara - 41-9247-7624 / 3372-7046
João Paulo 41-9902-6330 / 3273-6958

Caso alguém da imprensa queira fazer um vt ou algo parecido pode falar comigo

Oswaldo Eustáquio Filho - Coordenador de Comunicação Aldeia Brasil - 41-8401-4095

Quem quiser conhecer o trabalho é só assistir o Programa Tribuna da Massa, segunda-feira, 12:30h, eles vão se apresentar ao vivo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ministro da justiça legitima presença da Força Nacional na Funai

Gente, que absurdo! O novo Ministro da Justiça decretou o uso da força nacional contra os indígenas na Funai.... leiam...

Do blog do Mércio

Cai a máscara do autoritarismo da direção da Funai
Instado pelo presidente da Funai, o ministro da Justiça publicou hoje um decreto que formaliza a presença da Força Nacional na portaria do órgão indigenista, inclusive com capacidade de uso de armas letais contra terceiros.

Que terceiros são esses, cara pálida?



PORTARIA No- 564, DE 8 DE ABRIL DE 2010


Dispõe sobre o emprego da FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA no Distrito Federal em apoio a FUNAI


O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, e considerando o disposto na Lei nº 11.473/07 e a manifestação do Senhor Presidente da FUNAI, solicitando apoio necessário da Força Nacional de Segurança Pública, a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos trabalhos no âmbito da sede da Funai, em Brasília, bem como a incolumidade física das pessoas envolvidas na questão e do patrimônio, conforme solicitação contida no Ofício nº 0137/PRES-Funai, datado de 22 de março de 2010.


Autorizo o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em caráter episódico e planejado em consonância com a Portaria nº 0394/2008, para atuação em apoio Funai, a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos trabalhos no âmbito da sede da Fundação Nacional do Índio, em Brasília, bem como a incolumidade física das pessoas envolvidas na questão e do patrimônio, sob as seguintes orientações:


Art. 1º Os policiais da Força Nacional irão atuar, segundo solicitação, em apoio a Fundação Nacional do Índio - Funai, nas ações de preservação do patrimônio público e da incolumidade pessoas envolvidas na questão;


Art. 2º O número de policiais a ser disponibilizado pelo Ministério da Justiça obedecerá ao planejamento definido pelos entes envolvidos na operação;


Art. 3º O prazo, no qual serão realizadas as atividades da Força Nacional, será de 60 (sessenta) dias, prorrogáveis se necessário (art. 4º, parágrafo 3º, I, do Decreto 5.289/2004);


Art. 4º O uso de armas letais destina-se à legítima defesa dos policiais e de terceiros;


Art. 5º Nortearão as ações da Força Nacional os dispostos na lei 11.473, de 10 de maio de 2007, bem como o Decreto 5.289, de 29 de novembro de 2004;


Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.


LUIZ PAULO BARRETO

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Visita dos irmãos Fulni-ôs


Quinta-feira, 08 de abril. Na aldeia Kakané Porã, recebemos uma visita para lá de especial, dos irmãos da tribo fulni-ô, de Pernambuco. Tratamos de vários assuntos. Ficamos felizes porque eles estão conosco nas lutas pelos nossos projetos.

Eles vão ficar todo o mês de abril em Curitiba. No dia 01 de maio, estarão com a gente na nossa grande festa do dia do índio.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

MANIFESTO DOS ÍNDIOS BRASILEIROS

Por Hélio Araújo Silva

O Brasil avançou muito nestes últimos anos. Por um lado, ele se transformou num exemplo de democracia para a América Latina. Por outro lado, ele conseguiu incorporar a luta pela equidade de gênero e pela promoção da igualdade racial. Mas ainda não conseguiu promover o resgate histórico dos nossos povos originários, ou seja, dos índios, que ainda se mantém, de certa forma, à margem do próprio processo de desenvolvimento como uma população tutelada.

Qual é a razão deste atraso? O mundo mudou e o país também precisa mudar. Não adianta continuar discutindo sobre o futuro com resquícios do passado. O nosso país precisa de um novo desenho institucional e de um novo repertório de convivência cívica. Para a construção de uma nação forte e soberana, capaz de aglutinar, verdadeiramente (e não apenas retoricamente) pessoas, gêneros, raças, credos, etnias e nacionalidades, para a celebração da paz e da harmonia entre todos...

Como um grande passo nesta direção, o Brasil precisa acordar e se lembrar de que a conquista da autonomia é o primeiro passo para o fortalecimento da cidadania em sua plenitude. Esta é uma das razões pelas quais os índios brasileiros querem falar por si mesmos, isto é, sem intermediários. Eles querem e têm o direito de participar desta nova etapa, até por uma questão de ancestralidade. Sendo parte constitutiva de nossa nacionalidade, eles não podem continuar a ser excluídos deste processo. Eles não podem ser deixados para trás, até porque a nossa história não pode ser órfã. Precisamos de todos os brasileiros, unidos e reconfigurados, para dar a nossa contribuição ao novo estágio civilizatório que se avizinha...



VAMOS LUTAR PELA CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DOS ÍNDIOS!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Iguais e diferentes, por Claiton César Czizewski*

Gente, olha o artigo que foi escrito por meu grande amigo Claiton Czizewski. Neste artigo, ele cita a história de Renan, o menino cadeirante que foi esquecido no concurso público da Funai. O artigo está fantástico. VAle a pena ler.




Outro dia, eu falei para um amigo que os cadeirantes estão na moda: na novela das oito e no cinema.” A frase, de um ex-Big Brother – que ficou paraplégico por conta de um acidente de trânsito, em julho de 2009 – publicada no caderno de ZH dedicado a televisão e celebridades é pertinente.

Cadeirantes estão mesmo “na moda”. A personagem Luciana (Alinne Morais), da novela Viver a Vida, chama a atenção para uma minoria social que não é tão pequena: as pessoas que, pelas mais diversas razões, locomovem-se em cadeiras de rodas. (Fato semelhante ocorre com um personagem do comentado e premiado filme Avatar.)

O serviço prestado pelo autor da novela, Manoel Carlos, com o – cada vez mais comum – merchandising social é inegável. Mas não se pode esquecer que Luciana é uma personagem de ficção (assim como o do filme, que é criação no mais alto grau, como pede o gênero ficção científica).

Filha de pai rico e mãe superprotetora, a ex-modelo, agora tetraplégica, tem atenção e cuidados em tempo integral: dispõe de uma fisioterapeuta e duas enfermeiras particulares, além de uma sala de fisioterapia – com piscina para hidroterapia –, dentro de casa. E mais: arrebatou de paixão o galã da novela. Em suma, vive numa “redoma de cristal”.

Diferente dela é Renan, um personagem da vida real que, mesmo vivendo uma das mais revoltantes histórias dos últimos dias, ficou longe do foco da grande mídia. Ele foi “esquecido” por fiscais enquanto prestava prova do concurso da Funai, no dia 14.

Valendo-se de um direito garantido pelo edital de seleção, Renan respondeu às questões em uma sala exclusiva e sem problemas de acessibilidade. Porém, com o fornecimento de energia elétrica do local interrompido, o concurso foi cancelado; e os candidatos, dispensados. Menos Renan, que continuou “esquecido” pelos fiscais na sala, de onde só conseguiu sair por volta das 21h.

“Iguais na diferença”, Luciana e Renan – ambos jovens cadeirantes do Rio de Janeiro – representam personagens antagônicos. E o que os separa não é nenhuma barreira arquitetônica. Ela é fruto da imaginação de um novelista. Ele é de verdade, e sua paralisia, talvez, dure mais que 203 capítulos. Não sei sobre os estados financeiro e amoroso do rapaz. Mas tenho certeza de que ele não possui tantas regalias –que beiram a idealização –, nem a “aura mágica” que envolve pessoas famosas, como a atriz e sua personagem.

Transpondo esses dois casos particulares para uma dimensão maior, arrisco-me a dizer que, dentre o expressivo número de cadeirantes do país, há muito mais Renans que Lucianas. E essa gente não quer “redomas de cristal e amores de novela”. Elas só pedem respeito e acessibilidade. Em resumo, estão fartas de serem “esquecidas” pela sociedade a cada degrau, porta estreita ou falta de vaga no estacionamento.

Cadeirante como elas, eu também quero isso. E mais: peço que se dê a cada “Renan” a visibilidade dada a Luciana.

Dia corrido

Ontem, dia 05 de abril foi um dia bem corrido. De manhã, estivemos na Funai junto com Carlos Ubiranta, cacique da Kakané Porã, Antonio de Morais, presidente da Associação de moradores da aldeia. O assunto tratado foi a sustentabilidade da aldeia. De tarde, fomos para a Funasa e tivemos uma reunião com o coordenador da regional de Curitiba, Paulo Camargo. O assunto tratado foi a contratação de uma auxíliar de enfermagem para ajudar na aldeia e a construção do posto de saúde.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Notícia sobre o filme de Sandra Terena saiu em jornal na França

Tribus indigènes : justifier l’infanticide au nom de l’avortement…
29 mars 2010 → Réagir
Sur les quelque 240 tribus indigènes du Brésil très éloignées de tout contact avec la civilisation, on estime à une vingtaine celles qui pratiquent l’infanticide des nouveau-nés et des petits enfants non conformes : les jumeaux (et à plus forte raison les triplés…), les bébés manifestement atteints d’une maladie congénitale ou nécessitant des soins spéciaux sont tués à la naissance. Quant aux enfants qui s’avèrent atteints d’une déficience mentale ou d’un handicap moteur, ils sont enterrés vivants bien plus tard encore : ainsi est mort un enfant de cinq ans qui n’arrivait pas à apprendre à marcher, selon une association qui milite pour qu’on mette un terme à cette pratique barbare.

Les parents de cet enfant, incapables d’affronter la douleur de la mort de leur fils, mais impuissants face à la décision de la tribu, s’étaient suicidés auparavant.

Evidemment cette pratique égratigne le mythe du bon sauvage et le devoir de respecter toutes les cultures égales en dignité et en droits…

Pourtant il se trouve des sociologues, des anthropologues, des militantes féministes et même des collaborateurs du Conseil missionnaire pour les indigènes, organisme rattaché à la Conférence des évêques du Brésil, pour justifier cette pratique.

Pour Marianna Holanda, anthropologue, ce qui est en jeu dans le cadre de l’infanticide tribal ne doit pas être jugé à l’aune du conflit entre cultures mais des droits reproductifs de la femme indigène. Selon elle, personne dans les tribus, et encore moins la tribu prise dans son ensemble, n’oblige jamais quiconque à tuer : « Ces images sont absurdes et font violence à l’image des peuples indigènes considérés comme un tout. Ce qui existe, ce sont des mères qui, pour un ou plusieurs motifs, ne désirent pas, ne veulent pas ou ne peuvent pas avoir un enfant à un moment donné. Ceci n’est pas spécifique aux peuples indigènes. » La preuve ? L’infanticide se produit souvent au lieu même de l’accouchement, seule la mère, la grand-mère et la sage-femme étant présentes, dit cet autre chercheur…


Pour l’association Atini, qui travaille auprès de personnes directement touchées par ce drame, cela est très loin de correspondre à la réalité. Outre le double suicide évoqué plus haut, elle raconte le dur combat de mères ou de parents pour s’enfuir de leur tribu pour aller en ville donner une chance de vie à leurs enfants. Ainsi Marité et Tximagu Ikpeng sont-ils partis pour que leurs triplés vivent. La jeune mère a expliqué que si elle avait dû suivre les règles de sa culture, ce n’aurait pas été bon pour elle. Elle espère étudier la médecine pour aider son peuple, et pour le conduire à changer ses comportements.

« Ce sont mes enfants, pas des bêtes », dit cet autre qui a fui sa terre avec des jumeaux. Parfois c’est une sœur qui sauve son petit frère, Atini raconte aussi comment une jeune femme, voyant qu’on laissait un nouveau-né mourir de faim, l’a adopté au bout de cinq jours. Telle autre – Mujawi – est allée s’installer à Brasilia pour éviter la mise à mort de sa petite fille atteint d’une paralysie motrice : elle est partie avec son autre enfant, un garçon, et sa nièce orpheline, pour chercher l’aide de la « médecine des blancs » : les trois petits vont bien, jouent, vont à l’école… Retourner dans sa tribu, comme l’y encourage l’autorité brésilienne pour les tribus indigènes, FUNAI ? Elle ne veut même pas y penser. Elle a promis de s’empoisonner plutôt que de céder à la pression : sa fillette ne marche pas encore, et sur les terres de la tribu, elle risque la mort.

Paltu Kamayura atteste que dans sa tribu, les nouveau-nés sont mis à mort par la communauté. Elle peut savoir : l’un de ses jumeaux a été enterré vivant, elle a dû se battre, aidée de son mari, pour obtenir la grâce de l’autre – elle ne peut jamais le regarder, dit-elle, sans penser à celui qui est mort.

Ces indigènes et ceux qui les défendent accusent les anthropologues de les figer dans ces coutumes dont ils souffrent amèrement, au nom de leur « culture ». Ces anthropologues qui sont à leur contact et qui les encouragent à respecter les façons de faire des ancêtres… Et veulent à tout prix que les indigènes restent au sein de leur tribu pour que leur mode de vie soit préservé. Vont-ils jusqu’à regretter que dans bien des tribus, c’est l’ensemble de la communauté qui rejette les pratiques ancestrales jugées mauvaises ?

L’empressement avec lequel ces chercheurs justifient l’infanticide – même si certains plaident pour un « dialogue inter-culturel pour le faire disparaître en douceur – est directement fonction du discours des partisans du « droit à l’avortement ». Ecoutez Marianna Holanda :

« L’enfant indigène, quand il naît, n’est pas une personne. Il passera par un long processus de personnalisation, au cours duquel les relations qu’il établira seront fondamentales pour qu’il puisse recevoir un nom et, ce faisant, le statut de “personne”. Pour autant, les cas très rares de nouveau-nés qui ne s’insèrent pas dans la vie sociale de la communauté ne peuvent être décrits comme des morts, puisqu’il ne s’agit pas de cela. Alors infanticide ? Jamais. »

Pour Saulo Feitosa, secrétaire-adjoint du Conseil indigène missionnaire, s’exprime à peu près de la même façon. « Pour nous, l’infanticide est un crime s’il y a mort. Sans doute l’avortement est-il plus proche de cette pratique des Indiens, puisque celle-ci ne tue pas un être humain mais interdit la constitution de l’être humain. »


Pour les lusophones, il existe un documentaire d’une demi-heure produit fin 2009 par une journaliste, Sandra Terena, qui a enquêté

Indígenas estão cada vez mais nos grandes centros

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - No Brasil o fenômeno da migração indígena para cidades é relativamente recente, mas pode ser cada vez mais percebido, tanto na Região Norte, quanto em estados como São Paulo.

“A maior parte da população indígena ainda vive - e espero que continue vivendo sempre - nos seus territórios tradicionais. Mas as cidades brasileiras estão cada vez mais recebendo povos indígenas”.

A informação é do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Augusto Meira. Ele participou do Fórum Urbano Mundial, que reúne até sexta-feira (26) especialistas, representantes de povos indígenas e de governos de todos os continentes para discutir a presença de índios nas cidades no mundo.

Segundo ele, muitos indígenas procuram as cidades para estudar ou para ter acesso a alguns direitos que só as cidades oferecem.

As consequências disso, segundo constatou o painel do Fórum Urbano Mundial sobre Povos Indígenas nas Cidades, são muitas. Christophe Lalande, da Agência para Habitação das Nações Unidas (ONU-Habitat), disse que o principal desafio desses povos é o direito à moradia.

Segundo a ONU, indígenas acabam deixando suas áreas ancestrais e migram para as cidades por fatores como a invasão de suas terras, guerras ou mesmo a busca por melhores oportunidades. Mas, ao chegar nos novos territórios, encontram dificuldade para se assentar e passam a viver em favelas.

“A garantia do direito à moradia é um dos principais desafios enfrentados pelos povos indígenas que migram para as cidades, mas há também questões importantes, como a educação dos jovens e a violência enfrentada por essas pessoas, no contexto da segurança urbana”, disse Lalande.

Para a ONU, em assentamentos precários e sem segurança adequada, essas pessoas podem ficar à mercê de gangues e do tráfico de pessoas para fins sexuais.

Reunião com as lideranças sobre a Festa!!!!'

Hoje, vamos nos reunir com as lideranças da aldeia Kakané Porã para tratar de um assunto muito bom, a festa do dia do índio, que será realizada na aldeia Kakané Porã, no dia 31 de maio. Queremos assar mil quilos de carne. Um grande desafio! Se alguém quiser fazer alguma doação para a festa pode ligar no celular do Presidente da Associação do moradores, Antonio Morais - 41-9622-2259.