Notícia sobre Aldeia Kakané Porã na Imprensa Italiana
LANZAN LA PRIMERA ALDEA URBANA EN CURITIBA
SAN PABLO, 9 (ANSA) - Brasil presentó hoy la primera "aldea urbana", con viviendas con techo de tejas a dos aguas, dos habitaciones y galería, destinadas a 35 familias indígenas de la ciudad de Curitiba, capital del estado sureño de Paraná. La aldea fue planificada por especialistas y por los órganos dedicados a los pueblos indígenas y cuenta con una plaza en su zona central, para la realización de ritos y confección de artesanías. Ubicada en un área de 42.000 metros cuadrados en el barrio de Campo de Santana, la aldea urbana Kakané Porá no tendrá muros o cercas divisorias entre las viviendas, tal como ocurre en las comunidades autóctonas originarias. "Es un proyecto innovador y demuestra nuestro carácter en términos de programas habitacionales", dijo en la inauguración de la aldea Beto Richa, alcalde de Curitiba, ciudad considerada vanguardista en términos de planificación urbana. JMG 09/12/2008 23:25
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
A desconstrução do Cambuí
O antigo museu do Bigareli, conhecido como parque do Cambuí, serviu de morada para a população indígena de Curitiba durante os seis últimos anos. O local era conhecido como Aldeia do Cambuí. Dezoito famílias de três etnias indígenas; kaingangue, guarani e xetá, moravam irregularmente as margens da Avenida das Torres, em Curitiba.
Para atender toda comunidade havia apenas dois chuveiros, sendo que um deles estava estragado e só podia ser utilizado para banho de água fria. As roupas eram lavadas em uma caixa de água antiga compartilhada por toda a comunidade. A umidade, falta de saneamento e grande quantidade de insetos diminuíam a qualidade de vida dos indígenas que ali viviam.
A promessa de uma aldeia indígena legalizada em Curitiba, que foi cumprida no mês de dezembro deste ano, era aguardada com muita ansiedade. A tramitação do projeto corria desde abril de 2007. Se houvesse mais agilidade no processo, talvez tivesse sido evitada a morte de Renato Rodrigues, índio kaingangue, 25 anos, que deixou sua esposa e dois filhos pequenos. Renatinho, como era conhecido pelos amigos, saiu no fim da tarde do dia 07 de novembro, para buscar carne para o jantar, mas na volta, em frente à entrada da aldeia fora atropelado por um carro. Uma tragédia que chocara todos os índios. Menos de um mês depois seria inaugurada a Aldeia Kakané Porã, primeira aldeia urbana do sul do país, morada atual dos índios curitibanos.
Enquanto alguns políticos discursavam na inauguração da nova aldeia para as lentes da imprensa, as máquinas enviadas pela prefeitura já destruíam o Cambuí, para evitar uma nova ocupação irregular. Alguns indígenas fizeram questão de voltar para ver a cena da destruição de algo que já estava destruído. Entulhos de construção se misturavam com adereços indígenas e alguns móveis sem condições aparentes de uso. A derrubada dos barracos foi acompanhada com lágrimas nos olhos, uma espécie de nostalgia mórbida que rondou os últimos instantes do Cambuí.
Para atender toda comunidade havia apenas dois chuveiros, sendo que um deles estava estragado e só podia ser utilizado para banho de água fria. As roupas eram lavadas em uma caixa de água antiga compartilhada por toda a comunidade. A umidade, falta de saneamento e grande quantidade de insetos diminuíam a qualidade de vida dos indígenas que ali viviam.
A promessa de uma aldeia indígena legalizada em Curitiba, que foi cumprida no mês de dezembro deste ano, era aguardada com muita ansiedade. A tramitação do projeto corria desde abril de 2007. Se houvesse mais agilidade no processo, talvez tivesse sido evitada a morte de Renato Rodrigues, índio kaingangue, 25 anos, que deixou sua esposa e dois filhos pequenos. Renatinho, como era conhecido pelos amigos, saiu no fim da tarde do dia 07 de novembro, para buscar carne para o jantar, mas na volta, em frente à entrada da aldeia fora atropelado por um carro. Uma tragédia que chocara todos os índios. Menos de um mês depois seria inaugurada a Aldeia Kakané Porã, primeira aldeia urbana do sul do país, morada atual dos índios curitibanos.
Enquanto alguns políticos discursavam na inauguração da nova aldeia para as lentes da imprensa, as máquinas enviadas pela prefeitura já destruíam o Cambuí, para evitar uma nova ocupação irregular. Alguns indígenas fizeram questão de voltar para ver a cena da destruição de algo que já estava destruído. Entulhos de construção se misturavam com adereços indígenas e alguns móveis sem condições aparentes de uso. A derrubada dos barracos foi acompanhada com lágrimas nos olhos, uma espécie de nostalgia mórbida que rondou os últimos instantes do Cambuí.
Aldeia de Concreto
Oswaldo Eustáquio Filho
Aldeia Brasil - http://www.aldeiabrasil.org/
Poucos textos sobre a aldeia urbana de Curitiba conseguiram relatar de uma maneira humanística a vida dos índios de Kakané Porã, primeira aldeia urbana do sul do país. Para o HardNews o que interessa são os números. "35 famílias de três etnias indígenas ganham aldeia em Curitiba" Essa notícia correu o país. No entanto dois jornalistas conseguiram ir além das estatísticas e conseguiram chegar mais próximos da realidade dos índios da nova aldeia de Curitiba. Um deles é o José Carlos Fernandes da Gazeta e o outro é meu amigo Rafael Urban, da Folha de Londrina. Tive a oportunidade de acompanhar o Urban nessa matéria. Para mim foi uma aula de jornalismo. Ele esteve na última noite dos índios na aldeia velha. Foi junto com os eles no onibus do Cambuí à Kakané Porã, entre outras façanhas que podem ser acompanhadas no texto.
Aldeia de Concreto
Rafael Urban - Folha de Londrina
Foi no dia 23 de dezembro de 15 anos atrás que Carlos Luiz dos Santos avisou o seu tio, o cacique caingangue Geneval, da Reserva de Mangueirinha (76 km ao norte de Pato Branco), sua terra de batismo, que estava indo morar em Curitiba. Carlos trouxe consigo uma mala com roupas. Desde então, trabalhou como carpinteiro, motorista, servente, operário, com construção civil e artesanato. Foi nessa última atividade que conheceu outros 11 índios que, como ele, vendiam a sua arte na Rua XV. Depois de três reuniões no ano de 2001, a primeira delas na Praça Osório, decidiram abandonar suas casas, onde viviam de aluguel ou em condições muito precárias. "E fomos morar na Borda do Campo, em barracas de lona. Era um terreno que achávamos que era do governo." Mas tinha outro dono, a Faculdades Integradas Espírita. Que, oito meses mais tarde, conseguiu reaver a terra. No dia quatro de maio de 2002, menos de uma semana depois, por intermédio do indigenista Edívio Battistelli, 54, chegaram a uma propriedade na Rua Comendador Franco 9.553, na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais. Ocuparam a área de preservação biológica, onde antes funcionava um museu. Na Reserva do Cambuí já viviam uma família caingangue e Osmar Bispo, espécie de caseiro do local. Quando a prefeitura pediu a reintegração de posse, Osmar foi desalojado. As famílias, dos povos Caingangue e Guarani, porém, resistiram. Chegaram outros, alcançando, segundo um levantamento da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), o número de 100 pessoas, de um total de 24 famílias. Viveram lá por seis anos e sete meses sob condições precárias. Depois de uma série de reuniões, conversas de bastidores e participações de diferentes órgãos e indivíduos, a história teve outro rumo. Na terça-feira, dia 11 de dezembro, inaugurava Kakané Porã, a nova casa. E, desta vez, oficial. O terreno de 44,2 mil metros quadrados fica no bairro Campo do Santana, no Sul de Curitiba, próximo da BR-116 e a 20 quilômetros do Centro. O espaço foi cedido pela Prefeitura a título de comodato, espécie de contrato de empréstimo assinado no dia 19 de abril de 2007, com duração de cinco anos e renovável por outros cinco. Com uma verba de R$ 705 mil, na área equivalente a pouco mais de cinco campos de futebol, foram construídas pela Cohab 35 casas de 37 metros quadros; dois quartos, cozinha, banheiro e uma varanda. A aldeia de concreto, o primeiro agrupamento indígena urbano formalmente estabelecido no Sul, é a terceira do tipo no País. Há uma em Campo Grande (MT) e outra em São Paulo capital. Manaus (AM) também tem algo parecido, ainda que, no entendimento do já citado indigenista Battistelli, não esteja sistematizado. Dezoito das família que agora moram na nova aldeia vieram da área de ocupação. O novo nome explica um pouco de seu aspecto multi-étnico. "Kakané", vem do Caingangue, povo de 27 das famílias, e significa "fruto". "Porã" é do Guarani, etnia com quatro famílias na aldeia, e quer dizer "bom". São os bons frutos, os mais idosos, boa parte vinda de Mangueirinha. As outras quatro casas receberam famílias Xetá, povo que tem menos de 100 remanescentes. E uma língua que, diferente do caingangue e guarani, jamais foi sistematizada graficamente. Dezoito Xetá vão viver em Kakané Porã. Um deles, Tiquén Xetá, é dos seis últimos de origem tradicional primitiva. Em caingangue se conta até três. O que vem depois, é infinito. Vida longa à Kakané Porã. Ni, to, tu
Aldeia Brasil - http://www.aldeiabrasil.org/
Poucos textos sobre a aldeia urbana de Curitiba conseguiram relatar de uma maneira humanística a vida dos índios de Kakané Porã, primeira aldeia urbana do sul do país. Para o HardNews o que interessa são os números. "35 famílias de três etnias indígenas ganham aldeia em Curitiba" Essa notícia correu o país. No entanto dois jornalistas conseguiram ir além das estatísticas e conseguiram chegar mais próximos da realidade dos índios da nova aldeia de Curitiba. Um deles é o José Carlos Fernandes da Gazeta e o outro é meu amigo Rafael Urban, da Folha de Londrina. Tive a oportunidade de acompanhar o Urban nessa matéria. Para mim foi uma aula de jornalismo. Ele esteve na última noite dos índios na aldeia velha. Foi junto com os eles no onibus do Cambuí à Kakané Porã, entre outras façanhas que podem ser acompanhadas no texto.
Aldeia de Concreto
Rafael Urban - Folha de Londrina
Foi no dia 23 de dezembro de 15 anos atrás que Carlos Luiz dos Santos avisou o seu tio, o cacique caingangue Geneval, da Reserva de Mangueirinha (76 km ao norte de Pato Branco), sua terra de batismo, que estava indo morar em Curitiba. Carlos trouxe consigo uma mala com roupas. Desde então, trabalhou como carpinteiro, motorista, servente, operário, com construção civil e artesanato. Foi nessa última atividade que conheceu outros 11 índios que, como ele, vendiam a sua arte na Rua XV. Depois de três reuniões no ano de 2001, a primeira delas na Praça Osório, decidiram abandonar suas casas, onde viviam de aluguel ou em condições muito precárias. "E fomos morar na Borda do Campo, em barracas de lona. Era um terreno que achávamos que era do governo." Mas tinha outro dono, a Faculdades Integradas Espírita. Que, oito meses mais tarde, conseguiu reaver a terra. No dia quatro de maio de 2002, menos de uma semana depois, por intermédio do indigenista Edívio Battistelli, 54, chegaram a uma propriedade na Rua Comendador Franco 9.553, na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais. Ocuparam a área de preservação biológica, onde antes funcionava um museu. Na Reserva do Cambuí já viviam uma família caingangue e Osmar Bispo, espécie de caseiro do local. Quando a prefeitura pediu a reintegração de posse, Osmar foi desalojado. As famílias, dos povos Caingangue e Guarani, porém, resistiram. Chegaram outros, alcançando, segundo um levantamento da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), o número de 100 pessoas, de um total de 24 famílias. Viveram lá por seis anos e sete meses sob condições precárias. Depois de uma série de reuniões, conversas de bastidores e participações de diferentes órgãos e indivíduos, a história teve outro rumo. Na terça-feira, dia 11 de dezembro, inaugurava Kakané Porã, a nova casa. E, desta vez, oficial. O terreno de 44,2 mil metros quadrados fica no bairro Campo do Santana, no Sul de Curitiba, próximo da BR-116 e a 20 quilômetros do Centro. O espaço foi cedido pela Prefeitura a título de comodato, espécie de contrato de empréstimo assinado no dia 19 de abril de 2007, com duração de cinco anos e renovável por outros cinco. Com uma verba de R$ 705 mil, na área equivalente a pouco mais de cinco campos de futebol, foram construídas pela Cohab 35 casas de 37 metros quadros; dois quartos, cozinha, banheiro e uma varanda. A aldeia de concreto, o primeiro agrupamento indígena urbano formalmente estabelecido no Sul, é a terceira do tipo no País. Há uma em Campo Grande (MT) e outra em São Paulo capital. Manaus (AM) também tem algo parecido, ainda que, no entendimento do já citado indigenista Battistelli, não esteja sistematizado. Dezoito das família que agora moram na nova aldeia vieram da área de ocupação. O novo nome explica um pouco de seu aspecto multi-étnico. "Kakané", vem do Caingangue, povo de 27 das famílias, e significa "fruto". "Porã" é do Guarani, etnia com quatro famílias na aldeia, e quer dizer "bom". São os bons frutos, os mais idosos, boa parte vinda de Mangueirinha. As outras quatro casas receberam famílias Xetá, povo que tem menos de 100 remanescentes. E uma língua que, diferente do caingangue e guarani, jamais foi sistematizada graficamente. Dezoito Xetá vão viver em Kakané Porã. Um deles, Tiquén Xetá, é dos seis últimos de origem tradicional primitiva. Em caingangue se conta até três. O que vem depois, é infinito. Vida longa à Kakané Porã. Ni, to, tu