quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gazeta do Povo se posiciona a favor da vida, sobre infanticídio indígena

Editorial Publicado na Gazeta do Povo em 25/11/2009 sobre o infanticídio

Em reportagem publicada na segunda-feira, a Gazeta do Povo mostrou a luta contra o infanticídio indígena que vem sendo travada no Brasil, ainda que sem muito barulho. O documentário Quebrando o silêncio é a iniciativa mais recente do grupo que luta contra essa prática cruel. Embora tenha perdido força, o costume tribal de tirar a vida dos “indesejáveis” (meninas, deficientes, gêmeos) persiste em algumas aldeias, com o aval de muitos antropólogos e também da Funai, apoiados no argumento de que não se pode interferir na tradição indígena. O que o novo documentário, produzido por Sandra Terena, revela é que a questão tem merecido reflexão das próprias tribos. Calejados pelo sofrimento que a velha prática provoca, muitos índios começam a se perguntar por que não mudar o ritual. A reflexão, feita pela própria documentarista e também por seus entrevistados, aponta caminhos: como acontece aos que podem pensar com liberdade e tomar nas mãos seu destino, os indígenas querem corrigir rumos e conservar somente o melhor de seus costumes. Negar-lhes esse direito seria esvaziá-los de sua humanidade e concebê-los como irracionais. Ou como um grupo imutável ao qual não é dado cultivar a natural aspiração humana pelo aperfeiçoamento.
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não matem nossas crianças

Pedro Pantoja/AE

Pedro Pantoja/AE / Em julho de 2008, defensores de um projeto de lei que protege crianças indígenas portadoras de deficiência e que poderiam ser vítimas de infanticídio fizeram uma manifestação no Rio de Janeiro Em julho de 2008, defensores de um projeto de lei que protege crianças indígenas portadoras de deficiência e que poderiam ser vítimas de infanticídio fizeram uma manifestação no Rio de Janeiro
índios

“Não matem nossas crianças”

Documentário denuncia o infanticídio praticado por tribos indígenas. Os próprios índios têm se colocado contra a prática e pedem ajuda, mas a Funai se omite

Publicado em 23/11/2009 | Mauri König
Fonte: Gazeta do Povo

Indígena por parte de pai, Sandra Terena ouvia-o desde pequena falar sobre a prática do infanticídio em diferentes aldeias do país, mas só se deu conta da gravidade do assunto já adulta. Quando há quase dois anos uma ONG brasileira e uma entidade evangélica dos Estados Unidos causaram furor internacional com um docudrama sobre a morte de crianças nas tribos amazônicas, Sandra já produzia seu próprio filme. Por fim, Quebrando o silêncio, documentário de 30 minutos, resultou do trabalho voluntário de cinco pessoas e de 80 horas de gravações ao longo de três anos em sete aldeias do país.

“Eu pensava que matar crianças era uma prática do passado, mas descobri que meus parentes, em algumas aldeias, ainda fazem isso”, lamenta Sandra, que na língua de sua tribo se chama Alieté. “Inocentes que não têm chance de escolher viver são sacrificados. Todo mundo sofre: sofre o pai, sofre a mãe, a criança e quem luta para que a criança não morra”, diz. Mas há um movimento contrário aos costumes: “hoje tem parentes que estão escolhendo vida para as nossas crianças.” A partir dessa constatação, Sandra apresentou o projeto ao casal de cinegrafistas André e Cristina Barbosa, que coletou depoimentos de indígenas no curso de quase três anos.

Os sobreviventes

Marité e Tximagu Ikpeng tiveram de abandonar a aldeia, no Xingu, para salvar os trigêmeos. No documentário Quebrando o silêncio, Marité relata como é o in­­fanticídio entre seu povo.

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Documentário criou polêmica internacional

Há um ano e meio uma ONG brasileira e uma organização evangélica norte-americana causaram uma discussão internacional ao produzir um misto de documentário e drama para uma campanha contra o infanticídio nas tribos da Amazônia. O vídeo enfureceu a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) ao retratar a história de Hakani, menina da etnia Suruwaha, uma das tribos às margens do Rio Purus que ainda praticam o ritual.

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Lideranças indígenas pedem ajuda

Várias lideranças indígenas fazem ecoar pedidos de socorro ao longo de Quebrando o silêncio. “A criança é o futuro dos indígenas. Devemos investir na vida deles. Devemos dar o direito à vida. Que ela viva, cresça e se torne um indígena que ame sua cultura e que saiba como trabalhar dentro da sua cultura e dentro do Brasil”, diz Eli Ticuna, vice-presidente do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos.

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O documentário traz declarações de representantes de 12 et­­nias contrárias à prática do infanticídio, além do relato de sobreviventes e de pais que fugiram da aldeia para salvar os filhos. Crian­­ças indesejadas são condenadas à morte por nascerem com deficiência física ou mental, serem gêmeas, filhas de mãe solteira ou tidas como portadoras de azar para a comunidade. São enterradas vivas, sufocadas com folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta. A Atini – voz pela vida, organização sem fins lucrativos sediada em Bra­­sília que atua na defesa do direito das crianças indígenas, identificou 18 etnias no país onde há essa prática.

Não há dados confiáveis sobre infanticídio, e a Fundação Na­­cional do Índio (Funai) diz se tratar de casos isolados, inexpressivos para justificar uma política de Estado. As 18 entidades que subscrevem o site www.hakani.org endossam dados que de­­mons­­tram ser essa uma prática mais comum do que a Funai admite. “Muitas das mortes por infanticídio vêm mascaradas nos dados oficiais como morte por desnutrição ou por outras causas misteriosas”.

De acordo com essas entidades, encabeçadas pela Atini, pesquisa realizada por Rachel Alcântara, da Universidade de Brasília, mostra que só no Parque Xingu são assassinadas cerca de 30 crianças todos os anos. E de acordo com o levantamento feito pelo médico sanitarista Marcos Pellegrini, que até 2006 coordenava as ações do Distrito Sanitário Ianomâmi, em Roraima, 98 crianças indígenas foram assassinadas pelas mães ou por alguém da tribo em 2004. “Em 2003 foram 68, fazendo dessa prática cultural a principal causa de mortalidade entre os ianomâmi”, destaca o site.

“Tenho acompanhado essa situação do infanticídio. Isso não é de hoje que ouço falar. Vejo em várias comunidades. Alguns rituais são diferentes, em cada povo, mas na verdade tudo acaba na morte de uma criança”, diz Carlos Terena, organizador dos Jogos Indígenas. “Nosso povo jaminawa matava, e às vezes enterrava, assim, vivo mesmo. Às vezes pegava no nariz deles... matava”, conta uma índia dessa etnia. “Coisa triste mesmo. Que foi enterrado pequeno, rapazinho já. Não era mais criança, não. Eu mesmo vi isso”, relata no documentário o cacique Aritana Yawalapiti.

“Se criança nasce aqui dentro da comunidade, eles enterram”, diz Paltu Kamayurá, que teve um dos filhos gêmeos sepultado vivo. “Até hoje não esqueço, porque estou vendo o menino, o crescimento dele, aí eu penso no outro também. Agora meu pensamento não é mais como o deles, não é mais pensamento de antropólogo. Eles falam: ‘Deixa esses índios viverem assim. Essa é a cultura deles’. Não é. Porque a cultura não para. Ela anda. O pensamento também anda, igual à cultura”, observa.

“Há quem diga que essa prática faça parte da nossa cultura, e que por isso deve ser mantida. Mas desde quando uma cultura para no tempo? Por que a gente tem de continuar com uma prática que nos faz sofrer, que nos faz mal, que nos causa remorso? Vida não combina com morte. Será que para manter nossa cultura viva precisamos matar nossas crianças?”, questiona Sandra no documentário. “Mas lideranças indígenas têm levantado a voz contra a prática do infanticídio”, continua. Foi por essa razão que ela decidiu usar a formação em Jornalismo em favor dos povos indígenas.

Sandra agora busca apoio financeiro e logístico para exibir o documentário nas aldeias do país. Ele já foi exibido em setembro no Xingu, durante evento de mulheres indígenas. Quebrando o silêncio é um dos três finalistas na categoria “Reduzir a mortalidade infantil” do prêmio Volun­­tariado Trans­formador, promovido pelo Centro de Ação Vo­­lun­­tária de Cu­­ri­­tiba. A cerimônia de premiação será amanhã, no Teatro Positivo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cacique Carlos Luis do Santos, um líder!


Esse homem é o grande líder que levou o povo de Kakané Porã de um local sub-humano para a primeira aldeia urbana do sul do Brasil, a Kakané Porã. Atualmente ele está com novos projetos de sustentabilidade para a aldeia como um Ponto de Cultura e uma Malharia. Por isso, seu fillho Carlos Ubiratan dos Santos é o cacique em exercício para tocar os outros projetos da aldeia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um telefonema ilustre

link matéria do Correio Braziliense com um trecho do filme:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/08/brasil,i=147045/UMA+CHANCE+AS+CRIANCAS+INDIGENAS.shtml


Hoje a tarde(04/11), recebi um telefonema ilustre, inusitado. O excelentíssimo Senhor Deputado Doutour Rosinha, ligou-me, indignado, contestando o texto que escrevi acima. Quero deixar claro, que conheço a reputação desse parlamentar em meu estado(PR). Em nenhum momento pensei em denegrir a sua imagem. Ele tem uma história política limpa e digna. Confiável. Merecedor da confiança do povo. Situação que não se compra, se conquista. Não é um parlapatão.

Esses elogias são verdadeiros. Realmente não se trata de ironia ou hipocrisia.

No entanto, não posso deixar de relatar que a jornalista Sandra Terena foi até a Brasília solicitiar uma audiência pública sobre o sacrifício de crianças indígenas no Brasil sob a ótica do seu filme "Quebrando o Silêncio", que mostra o depoimento de índios vítimas do infantícidio. Falou pessoalente com o deputado, que atendeu-a já a noite, depois do expediente. Atitude louvável.

Quase um mês depois da visita de Sandra, liguei ao gabinete do Doutor Rosinha para saber notícias sobra a audiência. Nesse momento, uma funcionária do deputado me disse que a equipe do gabinete tinha avaliado a situação, e, decidiram não solicitar a audiência pública na Comissão de Direitos Humanos porque o assunto já fora debatido no ano passado. Ela não dera nenhuma satisfação a Sandra, que espera ansiosa por uma resposta. Situação que ainda permanece. Insisti com ela, e disse que seria importante uma nova audiência porque nesse momento o assunto seria debatido em cima de fatos concretos que evidenciam a prática do infantícidio e, principalmente, relatos de lideranças indígenas clamando por socorro. Insisti. Insisti. Falei a essa funcionária sobre a relevância social do tema. Pedi. Pedi. Afinal, são vidas que estão em jogo. No final da conversa, que durou cerca de dez minutos, ela irritada comigo, disse que a conversa estava Esdrúxula e desligou o telefone abruptamente.




Sobre minha conversa com o Dr. Rosinha ao telefone, tenho a dizer que ele foi até muito educado para quem acabara de ler uma crítica. No fim da conversa duas frases ficaram. Uma minha e outra dele."Essa funcionária está comigo há dez anos. Prefiro acreditar nela do que em você, que conhece esses dias", disse o deputado sobre a minha discussão com sua funcionária. "Assim como essa luz do sol brilha durante o dia, pela relevância social deste tema, vossa senhoria vai participar dessa audiência pública. Se não for solicitada pelo senhor, outro deputado solicitará", disse eu. Nesse momento da conversa, já em tom cordial e nós dois com os animos mais calmos.

Pessoas são pessoas. Estão sujeitas a errar. Somos demasiadamente humanos, como diria Marcelo Tás.

Acredito que a decisão de não solicitar a audiência pública é um erro, mas cada um tem a sua verdade.

Devido a alta relevância social deste tema, acredito que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados deve fazer uma audiência pública.


Para quem quiser opinar sobre isso, me envie um email para oswaldo_eustaquio@hotmail.com

Se quiserem falar com o deputado Dr. Rosinha - dep.dr.rosinha@camara.gov.br

link matéria do Correio Braziliense com um trecho do filme:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/08/brasil,i=147045/UMA+CHANCE+AS+CRIANCAS+INDIGENAS.shtml