segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Povo indígena Kaingang é desrespeitado ao ser mandado embora de Criciúma, SC, B

Por Nuno Nunes

Simplesmente a Prefeitura de Criciúma, sul de Santa Catarina, bateu recorde em ilegalidade ao proibir, no dia 17/12/2009, os 38 indígenas da etnia Kaingang de ficarem em Criciúma para vender artesanato, originários da Aldeia Condá, em Chapecó.

O Senhor Arleu da Silveira, Secretário de Governo da Prefeitura, não apenas jogou no lixo a Constituição Federal (CF) de 1988, como parece ter seguido sequência ao desrespeitar os artigos da Constituição quando negociou a dispersão dos Kaingang para municípios vizinhos.


Iniciando pelo Título I da Constituição do Brasil, aponta no texto que é um dos princípios fundamentais da República do Brasil “a dignidade da pessoa humana” (Art. 1º, inciso III). O direito de ir e vir foi rasgado em Criciúma. Todo cidadão indistintamente tem direito à sua liberdade, ao direito de ir e vir, só podendo ter a sua liberdade cerceada, em decorrência de prisão em flagrante delito ou por mandado judicial, devidamente fundamentada por autoridade judiciária competente, e não um secretário de Governo. Os indígenas Kaingang são cidadãos brasileiros e podem ir e vir de onde quiserem e quando quiserem, tanto quando um empresário, político, estudante, etc.

Outro rasgo na Constituição foi o desrespeito ao Art. 3º, que aponta: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária. Nem sequer foi imaginado esta construção em Criciúma, deixando-a a cargo do município de Imbituba, para onde foram mandados alguns Kaingang. Sendo que lá não há comunidade indígena, mas sim em Imaruí, que abriga uma Terra Indígena com 86 hectares da etnia Guarani, não Kaingamg. Estes povos indígenas são tão diferentes como italianos e escoceses, tratá-los simplesmente como índios é pura ignorância.

Ainda há no Art 3°, o inciso III, que traz o princípio: erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades, sociais e regionais. Sem comentários á Prefeitura de Criciúma que errou feio! Seguindo ainda na primeira página da CF, temos o inciso IV: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. É senhores! Tá ficando pior.

Em seu Art. 4º, a CF diz que “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: II - prevalência dos direitos humanos; e III - autodeterminação dos povos. Começamos a ver que a Prefeitura não desrespeitou apenas a Lei nacional, mas a internacional também.


Mas ainda nacionalmente, no Título II da CF, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, em seu Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, temos no Art. 5º que: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. E por qualquer natureza entende-se que: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; e XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Quanto às Leis internacionais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante em seu Artigo XIII, inciso 1°,que: toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. Acredito nem ser preciso falar dos demais direitos universais que foram desrespeitados.

O Brasil também participa da Convenção 169 de 1989 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que foi transformada no Decreto 5051de 2004. Nessa Lei diz em seu Artigo 3o, inciso 1° que: os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos nem discriminação.

Mas Criciúma que parece lidar muito bem com o tema das diferentes etnias, pois todo anos tem a Festas das Etnias, mal percebe que o nome da cidade vem da língua indígena Tupi: do Quirey-cy-uã (taquara pequena), saiu Cresciúma, em botânica: chusquea romossima Lindm (segundo José PIMENTEL, na obra Criciúma Amor e Trabalho, Itajaí-SC: Ed. Uirapuru, 1974). E mesmo desconfiando que não há a palavra “criciúma” no alemão ou italiano, teimam em não reconhecer, nem historicamente, a participação das etnias indígenas na Festa municipal.

O que dizer dessa atitude do dia 17/12/2009? Impensada? Não caberia. Preconceituosa no mínimo. Ilegal? Só a justiça e pó voto popular vai definir. Esperamos agora o cumprimento do Art. 232 da CF, que aponta o Ministério Público Federal como defensor dos direitos indígenas, para tomar as ações cabíveis, dando sua lição, e que nunca mais se repita tal desrespeito aos seres humanos como o vergonhoso ocorrido.

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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gazeta do Povo se posiciona a favor da vida, sobre infanticídio indígena

Editorial Publicado na Gazeta do Povo em 25/11/2009 sobre o infanticídio

Em reportagem publicada na segunda-feira, a Gazeta do Povo mostrou a luta contra o infanticídio indígena que vem sendo travada no Brasil, ainda que sem muito barulho. O documentário Quebrando o silêncio é a iniciativa mais recente do grupo que luta contra essa prática cruel. Embora tenha perdido força, o costume tribal de tirar a vida dos “indesejáveis” (meninas, deficientes, gêmeos) persiste em algumas aldeias, com o aval de muitos antropólogos e também da Funai, apoiados no argumento de que não se pode interferir na tradição indígena. O que o novo documentário, produzido por Sandra Terena, revela é que a questão tem merecido reflexão das próprias tribos. Calejados pelo sofrimento que a velha prática provoca, muitos índios começam a se perguntar por que não mudar o ritual. A reflexão, feita pela própria documentarista e também por seus entrevistados, aponta caminhos: como acontece aos que podem pensar com liberdade e tomar nas mãos seu destino, os indígenas querem corrigir rumos e conservar somente o melhor de seus costumes. Negar-lhes esse direito seria esvaziá-los de sua humanidade e concebê-los como irracionais. Ou como um grupo imutável ao qual não é dado cultivar a natural aspiração humana pelo aperfeiçoamento.
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não matem nossas crianças

Pedro Pantoja/AE

Pedro Pantoja/AE / Em julho de 2008, defensores de um projeto de lei que protege crianças indígenas portadoras de deficiência e que poderiam ser vítimas de infanticídio fizeram uma manifestação no Rio de Janeiro Em julho de 2008, defensores de um projeto de lei que protege crianças indígenas portadoras de deficiência e que poderiam ser vítimas de infanticídio fizeram uma manifestação no Rio de Janeiro
índios

“Não matem nossas crianças”

Documentário denuncia o infanticídio praticado por tribos indígenas. Os próprios índios têm se colocado contra a prática e pedem ajuda, mas a Funai se omite

Publicado em 23/11/2009 | Mauri König
Fonte: Gazeta do Povo

Indígena por parte de pai, Sandra Terena ouvia-o desde pequena falar sobre a prática do infanticídio em diferentes aldeias do país, mas só se deu conta da gravidade do assunto já adulta. Quando há quase dois anos uma ONG brasileira e uma entidade evangélica dos Estados Unidos causaram furor internacional com um docudrama sobre a morte de crianças nas tribos amazônicas, Sandra já produzia seu próprio filme. Por fim, Quebrando o silêncio, documentário de 30 minutos, resultou do trabalho voluntário de cinco pessoas e de 80 horas de gravações ao longo de três anos em sete aldeias do país.

“Eu pensava que matar crianças era uma prática do passado, mas descobri que meus parentes, em algumas aldeias, ainda fazem isso”, lamenta Sandra, que na língua de sua tribo se chama Alieté. “Inocentes que não têm chance de escolher viver são sacrificados. Todo mundo sofre: sofre o pai, sofre a mãe, a criança e quem luta para que a criança não morra”, diz. Mas há um movimento contrário aos costumes: “hoje tem parentes que estão escolhendo vida para as nossas crianças.” A partir dessa constatação, Sandra apresentou o projeto ao casal de cinegrafistas André e Cristina Barbosa, que coletou depoimentos de indígenas no curso de quase três anos.

Os sobreviventes

Marité e Tximagu Ikpeng tiveram de abandonar a aldeia, no Xingu, para salvar os trigêmeos. No documentário Quebrando o silêncio, Marité relata como é o in­­fanticídio entre seu povo.

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Documentário criou polêmica internacional

Há um ano e meio uma ONG brasileira e uma organização evangélica norte-americana causaram uma discussão internacional ao produzir um misto de documentário e drama para uma campanha contra o infanticídio nas tribos da Amazônia. O vídeo enfureceu a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) ao retratar a história de Hakani, menina da etnia Suruwaha, uma das tribos às margens do Rio Purus que ainda praticam o ritual.

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Lideranças indígenas pedem ajuda

Várias lideranças indígenas fazem ecoar pedidos de socorro ao longo de Quebrando o silêncio. “A criança é o futuro dos indígenas. Devemos investir na vida deles. Devemos dar o direito à vida. Que ela viva, cresça e se torne um indígena que ame sua cultura e que saiba como trabalhar dentro da sua cultura e dentro do Brasil”, diz Eli Ticuna, vice-presidente do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos.

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O documentário traz declarações de representantes de 12 et­­nias contrárias à prática do infanticídio, além do relato de sobreviventes e de pais que fugiram da aldeia para salvar os filhos. Crian­­ças indesejadas são condenadas à morte por nascerem com deficiência física ou mental, serem gêmeas, filhas de mãe solteira ou tidas como portadoras de azar para a comunidade. São enterradas vivas, sufocadas com folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta. A Atini – voz pela vida, organização sem fins lucrativos sediada em Bra­­sília que atua na defesa do direito das crianças indígenas, identificou 18 etnias no país onde há essa prática.

Não há dados confiáveis sobre infanticídio, e a Fundação Na­­cional do Índio (Funai) diz se tratar de casos isolados, inexpressivos para justificar uma política de Estado. As 18 entidades que subscrevem o site www.hakani.org endossam dados que de­­mons­­tram ser essa uma prática mais comum do que a Funai admite. “Muitas das mortes por infanticídio vêm mascaradas nos dados oficiais como morte por desnutrição ou por outras causas misteriosas”.

De acordo com essas entidades, encabeçadas pela Atini, pesquisa realizada por Rachel Alcântara, da Universidade de Brasília, mostra que só no Parque Xingu são assassinadas cerca de 30 crianças todos os anos. E de acordo com o levantamento feito pelo médico sanitarista Marcos Pellegrini, que até 2006 coordenava as ações do Distrito Sanitário Ianomâmi, em Roraima, 98 crianças indígenas foram assassinadas pelas mães ou por alguém da tribo em 2004. “Em 2003 foram 68, fazendo dessa prática cultural a principal causa de mortalidade entre os ianomâmi”, destaca o site.

“Tenho acompanhado essa situação do infanticídio. Isso não é de hoje que ouço falar. Vejo em várias comunidades. Alguns rituais são diferentes, em cada povo, mas na verdade tudo acaba na morte de uma criança”, diz Carlos Terena, organizador dos Jogos Indígenas. “Nosso povo jaminawa matava, e às vezes enterrava, assim, vivo mesmo. Às vezes pegava no nariz deles... matava”, conta uma índia dessa etnia. “Coisa triste mesmo. Que foi enterrado pequeno, rapazinho já. Não era mais criança, não. Eu mesmo vi isso”, relata no documentário o cacique Aritana Yawalapiti.

“Se criança nasce aqui dentro da comunidade, eles enterram”, diz Paltu Kamayurá, que teve um dos filhos gêmeos sepultado vivo. “Até hoje não esqueço, porque estou vendo o menino, o crescimento dele, aí eu penso no outro também. Agora meu pensamento não é mais como o deles, não é mais pensamento de antropólogo. Eles falam: ‘Deixa esses índios viverem assim. Essa é a cultura deles’. Não é. Porque a cultura não para. Ela anda. O pensamento também anda, igual à cultura”, observa.

“Há quem diga que essa prática faça parte da nossa cultura, e que por isso deve ser mantida. Mas desde quando uma cultura para no tempo? Por que a gente tem de continuar com uma prática que nos faz sofrer, que nos faz mal, que nos causa remorso? Vida não combina com morte. Será que para manter nossa cultura viva precisamos matar nossas crianças?”, questiona Sandra no documentário. “Mas lideranças indígenas têm levantado a voz contra a prática do infanticídio”, continua. Foi por essa razão que ela decidiu usar a formação em Jornalismo em favor dos povos indígenas.

Sandra agora busca apoio financeiro e logístico para exibir o documentário nas aldeias do país. Ele já foi exibido em setembro no Xingu, durante evento de mulheres indígenas. Quebrando o silêncio é um dos três finalistas na categoria “Reduzir a mortalidade infantil” do prêmio Volun­­tariado Trans­formador, promovido pelo Centro de Ação Vo­­lun­­tária de Cu­­ri­­tiba. A cerimônia de premiação será amanhã, no Teatro Positivo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cacique Carlos Luis do Santos, um líder!


Esse homem é o grande líder que levou o povo de Kakané Porã de um local sub-humano para a primeira aldeia urbana do sul do Brasil, a Kakané Porã. Atualmente ele está com novos projetos de sustentabilidade para a aldeia como um Ponto de Cultura e uma Malharia. Por isso, seu fillho Carlos Ubiratan dos Santos é o cacique em exercício para tocar os outros projetos da aldeia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um telefonema ilustre

link matéria do Correio Braziliense com um trecho do filme:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/08/brasil,i=147045/UMA+CHANCE+AS+CRIANCAS+INDIGENAS.shtml


Hoje a tarde(04/11), recebi um telefonema ilustre, inusitado. O excelentíssimo Senhor Deputado Doutour Rosinha, ligou-me, indignado, contestando o texto que escrevi acima. Quero deixar claro, que conheço a reputação desse parlamentar em meu estado(PR). Em nenhum momento pensei em denegrir a sua imagem. Ele tem uma história política limpa e digna. Confiável. Merecedor da confiança do povo. Situação que não se compra, se conquista. Não é um parlapatão.

Esses elogias são verdadeiros. Realmente não se trata de ironia ou hipocrisia.

No entanto, não posso deixar de relatar que a jornalista Sandra Terena foi até a Brasília solicitiar uma audiência pública sobre o sacrifício de crianças indígenas no Brasil sob a ótica do seu filme "Quebrando o Silêncio", que mostra o depoimento de índios vítimas do infantícidio. Falou pessoalente com o deputado, que atendeu-a já a noite, depois do expediente. Atitude louvável.

Quase um mês depois da visita de Sandra, liguei ao gabinete do Doutor Rosinha para saber notícias sobra a audiência. Nesse momento, uma funcionária do deputado me disse que a equipe do gabinete tinha avaliado a situação, e, decidiram não solicitar a audiência pública na Comissão de Direitos Humanos porque o assunto já fora debatido no ano passado. Ela não dera nenhuma satisfação a Sandra, que espera ansiosa por uma resposta. Situação que ainda permanece. Insisti com ela, e disse que seria importante uma nova audiência porque nesse momento o assunto seria debatido em cima de fatos concretos que evidenciam a prática do infantícidio e, principalmente, relatos de lideranças indígenas clamando por socorro. Insisti. Insisti. Falei a essa funcionária sobre a relevância social do tema. Pedi. Pedi. Afinal, são vidas que estão em jogo. No final da conversa, que durou cerca de dez minutos, ela irritada comigo, disse que a conversa estava Esdrúxula e desligou o telefone abruptamente.




Sobre minha conversa com o Dr. Rosinha ao telefone, tenho a dizer que ele foi até muito educado para quem acabara de ler uma crítica. No fim da conversa duas frases ficaram. Uma minha e outra dele."Essa funcionária está comigo há dez anos. Prefiro acreditar nela do que em você, que conhece esses dias", disse o deputado sobre a minha discussão com sua funcionária. "Assim como essa luz do sol brilha durante o dia, pela relevância social deste tema, vossa senhoria vai participar dessa audiência pública. Se não for solicitada pelo senhor, outro deputado solicitará", disse eu. Nesse momento da conversa, já em tom cordial e nós dois com os animos mais calmos.

Pessoas são pessoas. Estão sujeitas a errar. Somos demasiadamente humanos, como diria Marcelo Tás.

Acredito que a decisão de não solicitar a audiência pública é um erro, mas cada um tem a sua verdade.

Devido a alta relevância social deste tema, acredito que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados deve fazer uma audiência pública.


Para quem quiser opinar sobre isso, me envie um email para oswaldo_eustaquio@hotmail.com

Se quiserem falar com o deputado Dr. Rosinha - dep.dr.rosinha@camara.gov.br

link matéria do Correio Braziliense com um trecho do filme:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/08/brasil,i=147045/UMA+CHANCE+AS+CRIANCAS+INDIGENAS.shtml

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Assessora do Deputado Rosinha engaveta pedido de liderança indígena

Há cerca de um mês o Deputado Federal Doutor Rosinha (PT-PR), recebeu em seu gabinete, em Brasília, a jornalista Sandra Terena, para falar sobre o sacrifício de crianças indígenas no Brasil. O deputado, que tem boas referências no estado, recebeu a indígena muito bem e prometeu fazer um requerimento de audiência pública para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. No entanto, não foi isso o que ocorreu.

Uma assessora do deputado engavetou o pedido de Sandra sem mesmo enviar para a comissão com a alegação de que o tema já foi debatido no ano passado e por problemas de agenda. A funcionária Cristina Leme “achou” que seria inócuo enviar o pedido, que trata de propostas para salvar a vida de nossas crianças. Ora, quem deve avaliar essa questão é a própria comissão de Direitos Humanos, não uma funcionária da Câmara. Mesmo com a agenda cheia, pela relevância social do tema, acredita-se que a audiência poderia ser encaixada ainda este ano. Enquanto isso, as nossas crianças vão ficar mais um tempinho sem assistência. Talvez o tempo de férias dos senhores deputados ou até encontrarmos um deputado que tenha coragem de encaminhar o pedido de audiência pública a comissão de Direitos Humanos.

O objetivo dessa audiência é mostrar aos parlamentares que o infanticídio, tema que até hoje foi tratado como lenda ou invenção é abordado por lideranças indígenas de várias etnias e mostra a verdade de forma incontestável. Mais ainda do que trazer a baila esse tema, agora como verdade, é o desejo dos índios de cuidar de suas crianças. Mas, para isso é necessário discutir políticas públicas. E o lugar adequado para isso é o congresso.

Absurdos como esse são todos os dias vistos na Câmara dos Deputados, assembléias legislativas e câmaras de vereadores de todo o Brasil. Mas, há uma maneira de mudar tudo isso. Em 2010 vamos novamente as urnas escolher nossos representantes. É um ótimo momento para analisar a postura de nossos parlamentares no congresso. Viva o Brasil.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma chance às crianças indígenas


Reportagem do Correio Braziliense sobre o filme Quebrando o Silêncio, dirigido pela Sandra Terena.

Segue a matéria na integra,
assinado pela jornalista Danielle Santos




Brasília - O olhar triste dos índios Marité e Tixumagu da etnia Ikpeng, de uma aldeia do Xingu, no Mato Grosso, denota a desilusão em ter de abandonar os costumes da comunidade para viver na cidade em busca do novo. O motivo da fuga está no colo do casal:
Autora do vídeo, Sandra Terena defende assistência especial às famílias que não aceitam mais essa crença. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Pressos trigêmeos que nasceram este ano e que não foram aceitos pela comunidade por uma tradição cultural que acredita que filhos numa mesma gestação podem trazer azar. Para evitar o sacrifício deles, prática comum, a família teve de ser forte para seguir outro caminho. "Tenho certeza de que eles vão se orgulhar quando crescerem. Tenho orgulho de ter conseguido seguir com essa ideia e não deixá-los morrer", diz o pai. O líder indígena Tabata Kuikuro, também da comunidade xinguana, foi tão firme quanto o casal Marité e Tixumagu ao saber que sua esposa deu à luz gêmeos, hoje com dois anos. "São meus filhos, como vou deixar alguém fazer mal a eles, deixar matar igual se mata bicho?". Os dramas como o de Marité, Tixumagu, Tabata e Pautú se misturaram a tantos outros e viraram documentário intitulado Quebrando o silêncio. O material, colhido ao longo de três anos, com depoimentos de comunidades de diversas etnias, é de responsabilidade da índia Terena que resolveu pesquisar sobre o infanticídio pelas aldeias por onde andou. Mãe de um bebê de 1 ano e sete meses de nome Tenó, Sandra disse que sempre ouviu falar sobre o assunto quando pequena, mas não acreditava que ainda fosse comum em comunidades que já têm contato com os "brancos". A jovem diz não querer mudar a concepção cultural e colocar a prática do infanticídio como crime, mas alertar para a necessidade de assistência especial às famílias que não aceitam mais essa crença dentro de suas comunidades. "Constatei que muitas famílias - a maioria jovem -, que estudam e trabalham fora da aldeia, não enxergam mais suas tradições como antes, e a pressão da comunidade as obriga a se encaixar numa situação que não tem mais fundamento para elas", diz Sandra. Busca de apoio - A riqueza de detalhes contados em 80 horas de fita, três anos de captação e mais dois meses de finalização, rendeu o documentário de 29 minutos e virou meio para sensibilização e busca de apoio. Na última quarta-feira, Sandra enfrentou 22 horas de viagem até Brasília para mobilizar autoridades do governo e parlamentares. "Quero batalhar por ajuda em todos os lugares." Narradora do documentário e fundadora da ONG indígena Sirai-i, Divanet da Silva, casada com um índio há 14 anos, adotou três crianças indígenas, filhas de pais diferentes, que seriam enterradas vivas. "No início, foi complicado levar esse assunto para as famílias, mas aos poucos fui conquistando abertura."

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Último Guerreiro dos Xetá

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Minha relação com os índios começa em casa!


Muitos amigos me questionam. Qual a sua relação com a cultura indígena? A relação começa dentro de casa. Sou casado com a jornalista Sandra Terena e pai da pequena Mariana Terena, cujo nome indígena é "Tenó". O avô da Mariana, senhor Florentino Pedro só deu o nome dela quando visitamos a aldeia, em fevereiro deste ano. Esse cocar usado pela Sandra tem grande representatividade. Já foi do Towe, um grande líder Fulni-ô.
Oswaldo Eustáquio Filho

Conceito de Aldeia Urbana

Esse semestre finalizo minha pesquisa sobre a aldeia urbana de Curitiba. Foram dois anos de pesquisa que resultará em um videodocumentário sobre a Kakané Porã. Pedi ao maior indigenista paranaense, Edívio Battistelli, criar um conceito de aldeia urbana. Esse conceito é parte da fundamentação teórica do meu trabalho.

Nesse post, compartilho com vocês o conceito de aldeia urbana, segundo o caríssimo amigo Battistelli.

Aldeamento Urbano, na minha concepção, nada mais é doque "um agupamento de famílias que se declaram e são reconhecidas como indígenas, vivendo em um espaço comum e urbano de terras, interagindo harmoniosamente com outros povos". Diferentemente da especificidade Kakané Porã, existem agrupamentos no Paraná e em outros estados federados, no entanto, não reconhecidos ou assumidos como tais, pelos poderes públicos. As cidades históricamente foram construídas para não índios(estrangeiros). No momento em que este reconhecimento pela alteridade cultural existe, conforme preceitua a Constituição Federal, a presença indígena nas cidades - que se fará acontecer de forma crescente em todas as regiões do país - receberá um trato específico, de assessoramento coletivo às manifestações de suas vontades, no processo de inserção e inclusão social. Os Povos Indígenas representam, aqui, os únicos não inseridos e nem inclusos neste país. Sob esta ótica, Kakané Porã busca a inserção com dignidade e respeito a diversidade,num pleno reconhecimento dos poderes públicos, permitindo assim, a interação e não a integração - esta impositiva, a outra, mais voluntária. Encurralamento, em redomas, em "reservas" ou numa espécie de "zoos humanos", foi a condiçaõ até aqui imposta aos aborígenes brasileiros. Cai por terra as frequentes afirmativas de que lugar de índio é na "reserva", no mato. Para isso, precisamos, sob as visões indígenas e indigenistas,acima dos demais brasileiros, escrever novos caminhos, considerando que todos os espaços se fecharam, a partir das então "reservas", únicos locais onde poderiam viver na condição de índios aos olhos da maioria esmagadoura da sociedade nacional não índia. Resistência cultural, desejos pelo coletivo, vontades de inserções próprias, não foram motivos suficientes, até pouco tempo, para a intervenção dos poderes públicos, onde ainda o reconhecimento inexiste, quanto a presença indígena nas cidades. Procura-se postergar o reconhecimento da realidade porquanto ela gera demandas, dificuldades, há preconceitos, estigmas, para os quais os municípios brasileiros e nem os estados federados, via de regra, estão preparados.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Honra a quem merece honra!

A festa do dia do índio foi um sucesso! Muita alegria, churrasco, salada e refrigerante a vontade. Acredito que Deus olhou do céu e apontou para a Kakané Porã. Só pode. Olha a história: Sexta feira, dia 17 de abril, às 8: 30h da manhã um famoso político deu o cano nos índios e não mandou os refrigerantes para a festa. Havia um ofício protocolodo na Spaipa solicitando refrigerantes desde o início do mês e cinco minutos depois, às 08:35h, meu telefone toca e a telefonista me dissera que não poderiam fazer a doação de refrigerantes por falta de recursos e pelo fato de eu ter feito o pedido com o prazo muito curto. Apenas 20 dias. até aqui, nenhuma novidade. Políticos mentirosos, empresas milionárias sem recursos, enfim, a manutenção do nosso status quo diário.



















Por alguns minutos fiquei abatido. Dobrei os meus joelhos e fiz a seguinte oração: "Senhor Jesus, tú sabes o quanto essa festa é importante para os índios de Kakané Porã. Me ajude a conseguir 250 litros de refrigerante para sábado (o dia seguinte) pela manhã, Amém. Quando terminei a oração, lembrei-me de um versículo que diz: "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus". Duas semanas antes, tinha ido ao churrasco do dia do jornalista. Um belo churrasco com refrigerante da CINI, a vontade. Eureka. Vou ligar para CINI. Busquei na Internet o telefone da CINI. "Alô,´é da CINI? Posso falar no setor de Marketing"? "Sim, só um momento". Minhas mãos estavam suadas quando o funcionário do setor atende a ligação: "Marketing, Jesus falando". Pensei comigo, Jesus, era com você mesmo que eu precisava falar. Não preciso me estender muito para dizer que conseguimos 250 litros de refrigerante da CINI. Um verdadeiro milagre. O que a Spaipa não pode analisar em vinte dias, o marketing da CINI, fez em menos de quatro horas. Vida longa a CINI.

Oswaldo Eustáquio Filho








domingo, 3 de maio de 2009

Afinal, para que serve a FUNAI?

Criada para substituir o SPI - Serviço de Proteção ao Índio, a Funai, teve um papel muito importante para o crescimento demográfico dos povos indígenas do Brasil. Ruim com ela, pior sem ela. É gritante a realildade desse órgão. Hoje, o quadro de funcionários está muito reduzido, o que resulta em um atendimento aquém das necessidades indígenas. Esse problema um concurso público resolveria facilmente, agora a animosidade que alguns funcionários tratam os índios, isso não se resolve do dia para noite. Vou contar um fato comíco, para não chamar de pífio, que aconteceu essa semana.
Quinta feira, 30 de abril de 2008, a pedido do Cacique Carlos, da aldeia Kakané Porã, liguei para a Funai e solicitei um carro para buscar duas caixas pequenas de plantas medicinais que a aldeia ganhara do Ibama. "Alô, é da Funai"? "Sim". "Estou ligando a pedido do Cacique Carlos para que um carro da Funai vá até o Ibama apanhar umas plantas para aldeia urbana de Curitiba". "Amigo, você tem que pedir para o administrador, mas acho que não adianta, não tem ninguém aqui para buscar". "Humm." Nesse momento pensei, será que ele é ninguém? Contei até dez para não ser indelicado com o servidor que me atendeu e desliguei o telefone indignado. Ora, a Funai de Curitiba tem mais de vinte funcionários que estão ali para atender os índios. Peguei meu carro, fui até o Ibama, peguei as plantas e levei à aldeia. Afinal, para que serve a Funai?

Oswaldo Eustáquio Filho

quarta-feira, 15 de abril de 2009

FESTA!!!!