Entrevista com o indigenista, ex-diretor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Paraná e ex-coordenador para assuntos indígenas do governo do Paraná Edívio Batistelli
Como o senhor avalia o decreto?
Veio de forma errada e na hora errada. Ninguém foi ouvido a respeito.
O que essa medida representa, na sua opinião?
Ela desestruturou um quadro anterior, que já não era o ideal, mas funcionava. Agora a estrutura fica subordinada a Santa Catarina, que tem a metade dos índios do Paraná.
Qual o impacto prático para os índios do Paraná?
A Funai fica mais distante dos índios. Não se pensou na questão histórica, na relação entre os índios e o estado. A primeira língua indígena do Brasil a ser documentada foi o caingangue, pelo Summer Institute, na área indígena de Rio das Cobras; o Paraná foi o primeiro estado a ter uma legislação estimulando a entrada de índios nas universidades estaduais; a Lei do ICMS ecológico que beneficia reservas indígenas nasceu aqui; o Ministério Público do Paraná é o primeiro e um dos únicos a ter um centro de apoio especializado em questões indígenas; o primeiro aldeamento urbano indígena do Brasil está em Curitiba; o embrião da Funai nasceu aqui, em 1910, com a instalação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Foi o primeiro escritório do SPI no Sul-Sudeste. Nada disso foi levado em conta.
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