Flávio Laginski
Marco Charneski
Funai foi ocupada por 21 dias; desocupação não significa fim do protesto.
O grupo de índios que ocupava a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Curitiba desocupou o local na noite da última terça-feira. Os indígenas estavam no prédio há 21 dias, em decorrência do protesto da assinatura do Decreto 7056 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prevê a reestruturação de toda a fundação.
O objetivo dos índios era conversar com Lula ou com o ministro da Justiça, Tarso Genro, contudo, a meta não foi alcançada. O Paraná tem 15 mil índios morando em aldeias e outros 10 mil em cidades ou fora das aldeias.De acordo com o cacique da etnia Kakané Porã, em Curitiba, Carlos Ubiratã, a saída não marca o fim dos protestos, mas sim uma mudança de estratégia que deverá nortear as novas manifestações.
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“Estamos irritados e frustrados com o tratamento que estamos recebendo. Decidimos reunir as lideranças na sede da Funai em Londrina (norte do Estado) para decidir o que iremos fazer”, informa. Questionado sobre as novas ações, o cacique disse que querem evitar o pior. “Não queremos recorrer à violência. Entretanto, se nossas reivindicações não forem ouvidas, estaremos preparados para o pior”, garante.
O coordenador de comunicação da organização não-governamental (ONG) Aldeia Brasil, Oswaldo Eustáquio Filho, revela que os índios não sentiram avanços na reunião realizada com o governador Roberto Requião e com representantes do Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF) na terça-feira.
“O governador declarou apoio, mas revelou que não está com muita abertura junto ao presidente Lula. Os representantes do MPE e MPF falaram que irão criar uma comissão para tentar agendar um encontro com o ministro Tarso Genro, porém eles não prometeram nada. Diante dessa situação, eles resolveram sair da Funai e pensar nas novas ações”, informa.Eustáquio Filho conta ainda que acredita que os índios possam tornar o protesto mais drástico. “A manifestação pacífica deles não surtiu resultado e temo que eles tomem medidas mais severas. A gente, da ONG, acredita que eles possam derrubar torres de alta tensão ou algo pior”, opina.
A reportagem de O Estado entrou em contato com a Funai para saber o posicionamento da instituição nesse imbróglio, porém a assessoria de comunicação da fundação não deu resposta.
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