Gente, olha o artigo que foi escrito por meu grande amigo Claiton Czizewski. Neste artigo, ele cita a história de Renan, o menino cadeirante que foi esquecido no concurso público da Funai. O artigo está fantástico. VAle a pena ler.
Outro dia, eu falei para um amigo que os cadeirantes estão na moda: na novela das oito e no cinema.” A frase, de um ex-Big Brother – que ficou paraplégico por conta de um acidente de trânsito, em julho de 2009 – publicada no caderno de ZH dedicado a televisão e celebridades é pertinente.
Cadeirantes estão mesmo “na moda”. A personagem Luciana (Alinne Morais), da novela Viver a Vida, chama a atenção para uma minoria social que não é tão pequena: as pessoas que, pelas mais diversas razões, locomovem-se em cadeiras de rodas. (Fato semelhante ocorre com um personagem do comentado e premiado filme Avatar.)
O serviço prestado pelo autor da novela, Manoel Carlos, com o – cada vez mais comum – merchandising social é inegável. Mas não se pode esquecer que Luciana é uma personagem de ficção (assim como o do filme, que é criação no mais alto grau, como pede o gênero ficção científica).
Filha de pai rico e mãe superprotetora, a ex-modelo, agora tetraplégica, tem atenção e cuidados em tempo integral: dispõe de uma fisioterapeuta e duas enfermeiras particulares, além de uma sala de fisioterapia – com piscina para hidroterapia –, dentro de casa. E mais: arrebatou de paixão o galã da novela. Em suma, vive numa “redoma de cristal”.
Diferente dela é Renan, um personagem da vida real que, mesmo vivendo uma das mais revoltantes histórias dos últimos dias, ficou longe do foco da grande mídia. Ele foi “esquecido” por fiscais enquanto prestava prova do concurso da Funai, no dia 14.
Valendo-se de um direito garantido pelo edital de seleção, Renan respondeu às questões em uma sala exclusiva e sem problemas de acessibilidade. Porém, com o fornecimento de energia elétrica do local interrompido, o concurso foi cancelado; e os candidatos, dispensados. Menos Renan, que continuou “esquecido” pelos fiscais na sala, de onde só conseguiu sair por volta das 21h.
“Iguais na diferença”, Luciana e Renan – ambos jovens cadeirantes do Rio de Janeiro – representam personagens antagônicos. E o que os separa não é nenhuma barreira arquitetônica. Ela é fruto da imaginação de um novelista. Ele é de verdade, e sua paralisia, talvez, dure mais que 203 capítulos. Não sei sobre os estados financeiro e amoroso do rapaz. Mas tenho certeza de que ele não possui tantas regalias –que beiram a idealização –, nem a “aura mágica” que envolve pessoas famosas, como a atriz e sua personagem.
Transpondo esses dois casos particulares para uma dimensão maior, arrisco-me a dizer que, dentre o expressivo número de cadeirantes do país, há muito mais Renans que Lucianas. E essa gente não quer “redomas de cristal e amores de novela”. Elas só pedem respeito e acessibilidade. Em resumo, estão fartas de serem “esquecidas” pela sociedade a cada degrau, porta estreita ou falta de vaga no estacionamento.
Cadeirante como elas, eu também quero isso. E mais: peço que se dê a cada “Renan” a visibilidade dada a Luciana.
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