quinta-feira, 18 de março de 2010

Matéria divulgada na Gazeta do Povo sobre concurso da Funai


Fonte: Gazeta do POvo - Felippe Aníbal

Candidatos que, no domingo (14), prestaram um concurso público promovido pela Fundação Nacional do Índio (Funai) estão denunciando irregularidades na aplicação da prova e pedindo o cancelamento do processo de seleção. A denúncia mais grave diz respeito a um suposto vazamento de prova, que teria ocorrido em Rio Branco (AC). O exame foi aplicado em 23 cidades de 17 estados e mais de 110 mil pessoas se inscreveram no concurso, para disputar vagas dos níveis fundamental, médio e superior.

A ONG Aldeia Brasil, sediada em Curitiba e vinculada a questão indígena, vai pedir a anulação do concurso ao Ministério Público (MP). A organização recebeu mais de uma centena de reclamações e denúncias – a maioria de paranaenses – relacionadas a irregularidades que teriam ocorrido na aplicação das provas. Como os exames não foram realizados no Paraná, os candidatos paranaenses tiveram que se deslocar até Florianópolis (SC), ponto mais próximo onde a prova foi aplicada.
Candidatos fotografados com provas e caderno de resposta, comprovando que equipamentos eletrônicos foram usados

“Se o concurso não for anulado, avaliamos que a credibilidade da Funai pode ser abalada junto a sociedade, o que é muito preocupante”, disse o coordenador de comunicação da Aldeia Brasil, Oswaldo Eustáquio Filho.
As denúncias mais graves estão relacionadas ao suposto vazamento da prova a cargos de ensino superior. De acordo com candidatos que prestaram o concurso em uma escola em Rio Branco, o lote de caderno de questões teria sido aberto e distribuído em sala no período da manhã, na prova para ensino fundamental e médio. Mas o exame para ensino superior só seria realizado à tarde. “A prova circulou por pelo menos 20 minutos na sala, antes que os fiscais percebessem o equívoco. Muita gente teve acesso privilegiado às questões”, observou Eustáquio Filho.
Às escuras



No Rio de Janeiro (RJ), por volta das 18 horas, quando faltavam 15 minutos para acabar o tempo regulamentar da prova, houve um corte no fornecimento de energia elétrica e as salas ficaram às escuras. Os coordenadores do concurso teriam acendido velas e aproximado a carteira dos candidatos, para que concluíssem a prova. Os candidatos teriam usado equipamentos eletrônicos e digitais, o que é proibido pelo edital. Eles chegaram a fotografar o cartão de respostas e o instante em que o exame era realizado à luz de velas.

Um dos candidatos, Renan Prestes (23), viveu uma situação ainda mais inusitada. Por ser cadeirante, ele usou o direito de fazer a prova em uma sala especial, como permitia o edital. Com a queda do fornecimento de energia, ele foi esquecido às escuras no local em que fazia a prova. Ele só conseguiu sair do prédio às 21 horas, quase três horas depois da queda da energia. Como não havia mais fiscais na escola, o candidato não teve a quem entregar o caderno de questões e a folha de respostas. “Em cinco anos de cadeirante, eu nunca me senti numa posição de tamanha impotência e desrespeito. Nunca fui submetido a situações tão sub-humanas”, disse. Prestes informou que já denunciou o caso ao MP e que outros candidatos vão adotar o mesmo caminho.

0 comentários:

Postar um comentário