domingo, 19 de setembro de 2010

A conqusta de Kakané Porã

Esses dias fui limpar os comentários deste blog e vi alguns comentário de fakes, falando algumas besteiras sobre mim.

Sou jornalista e acompanho o cotidiano de Kakané Porã desde a época do Cambuí, um local com aspecto de gueto, onde os índios habitavam. Lembro que muitas vezes saia junto com o cacique Carlos para reuniões na prefeitura e Cohab para tentar conseguir uma aldeia digna na cidade de Curitiba. Algumas pessoas davam risada da gente. Achavam-nos sonhadores. Mas, mesmo assim nunca pensamos em desistir.

Lembro de uma vez que um funcionário da Assembléia Legislativa nos pagou um belo almoço. Mas, lembro também de muitas vezes que ficávamos sem almoçar ou dividiamos uma lata de sardinha, para não ficar de estômago vazio. As vezes éramos recebidos bem, outras vezes não éramos recebidos.

Infelizmente, algumas vezes tive que dar uma porrada na mesa para ser ouvido. Mas, quem me conhece sabe que não sou assim.

Mas, o resultuado disso é que depois de toda essa luta, o cacique Carlos, que sem dúvida é o grande responsável pela conquista de Kakané Porá, conseguiu uma forma de ser ouvido.

Meu papel neste processo foi alertar a imprensa de que existia um grupo de indígenas em Curitiba que lutava por um pedaço de terra. Inesquecível.

Lembro de uma reunião na Cohab, com Funai, Governo do Estado e Prefeitura. Nesse dia chamamos a imprensa,de surpresa. Os líderes da reunião deixaram os repórteres para fora da porta. Mas, os jornalistas ficaram esperando até o fim e cobraram uma resposta da Cohab, que um mês depois assinara o termo de doação da terra.

Para encurtar a história, que pode ser vista no documentário "A conquista de Kakané POrã" um ano depois, os indígenas sairam de um local sub-humano(Cambuí) e foram para uma terra fantástica, Kakané Porã. Trinta e cinco casas de alvenaria com toda a estrutura em um espaço de 44 mil metros quadrados.

Foi uma das maiores alegrias da minha vida.

Algumas pessoas me perguntam quanto eu ganho para fazer isso.

Em quatro anos de ONG Aldeia Brasil não conseguimos um real de nenhum órgão governamental ou Instituição. Pelo contrário, na maioria das vezes os recursos para combústivel, material são recursos próprios.

Esta semana, depois de quatro anos a ONG Aldeia Brasil foi reconhecida como entidade de utilidade pública. Agora creio que poderemos fazer muito mais.

Meu sogro, senhor Marcos Pedro, trabalha há 20 anos com os povos indígenas. Eu e minha esposa há quatro.

2 comentários:

Anônimo disse...

voce escreveu mas nao me respondeu

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Que lindo! É isso aí, amado!

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